Teoria do Desenvolvimento Moral

28/09/2014 14:11

 

 

 Lawrence Kohlberg
 
 
Para Kohlberg a maturidade moral é atingida quando o indivíduo é capaz de entender
 
que a justiça não é a mesma coisa que a lei; que algumas leis existentes podem ser
 
moralmente erradas e devem, portanto, ser modificadas.
 
Criou a teoria dos estádios morais, pois acreditava que o nível mais alto da moralidade
 
exige estruturas lógicas novas e mais complexas do que as apresentadas por Piaget
 
Assim, segundo o autor, existem três níveis da moralidade. O primeiro chamou de
 
nível pré-convencional que se caracteriza pela moralidade heterônoma, onde "as regras
 
morais derivam da autoridade, são aceitas de forma incondicional e a criança obedece
 
para evitar um castigo ou para ser recompensada" (ARANHA e MARTINS, 2003, p.
 
311). O indivíduo deste estágio, define a justiça em função de diferenças de poder e
 
status, sendo incapaz de diferenciar perspectivas nos dilemas morais. Há neste nível um
 
segundo estágio, o qual Kohlberg, chamou de moralidade de intercâmbio, pois inicia-se
 
o processo de descentração, possibilitando ao indivíduo perceber que outras pessoas
 
também tem seus próprios interesses, porém a moral ainda permanece individualista,
 
fazendo com que estabeleça trocas e acordos. Segundo Dáz-Aguado e Medrano (1999),
 
Kohlberg afirmava que as regras e expectativas sociais, são externas ao eu.
 
O segundo nível, classificado por Kohlberg, foi chamado de nível convencional, o qual
 
valoriza-se o reconhecimento do outro e inclui dois estágios: o da moralidade da
 
normativa interpessoal e o da moralidade do sistema social. No primeiro começa-se a
 
seguir as regras para assim garantir um bom desempenho do papel de "bom menino" e
 
de "boa menina", percebe-se uma preocupação com as outras pessoas e seus
 
sentimentos. Já no segundo estágio, o indivíduo "adopta a perspectiva de um membro da
 
sociedade baseada em uma concepção do sistema social como um conjunto consistente
 
de códigos e procedimentos que se aplicam imparcialmente a todos os seus membros"
 
(DÍAZ-AGUADO e MEDRANO, 1999, p. 31).
 
O terceiro nível foi chamado de nível pós-convencional, considerado por Kohlberg,
 
como o mais alto da moralidade, pois o indivíduo começa a perceber os conflitos entre
 
as regras e o sistema, o qual foi dividido entre o estágio da moralidade dos direitos
 
humanos e o estágio dos princípios éticos universais. Neste nível, os comportamentos
 
morais passam a ser regulados por princípios (exemplo: o indivíduo não rouba
 
simplesmente porque sabe que isso é errado).
 
 
 
 
"Os valores são independentes dos grupos ou das pessoas que os sustentam, porque são
 
princípios universais de justiça: igualdade dos direitos humanos, respeito à dignidade
 
das pessoas, reconhecimento de que elas são fins em si e precisam ser tratadas como tal.
 
Não se trata de recusar leis ou contratos, mas de reconhecer que eles são válidos porque
 
se apoiam em princípios" (ARANHA e MARTINS, 2003, p. 312).
 
Segundo os estudos de Kohlberg, pouquíssimas pessoas atingem o último nível da
 
construção moral, o qual alega inúmeros motivos. Ao encontrar soluções aceitáveis a tal
 
descoberta, o autor justifica que em primeiro lugar as pessoas não nascem morais, mas
 
que seu comportamento moral evolui a partir de etapas e de oportunidades que
 
procedem à descentração. Partindo deste pensamento, Kohlberg esperava que os pais e
 
professores estivessem moralmente maduros para auxiliarem as crianças, mas, como ele
 
mesmo percebeu, nem sempre isto ocorre. Outro facto que o autor aponta é que sentia
 
dificuldades em encontrar professores para auxiliá-lo, uma vez que muitos se
 
encontravam no nível pré-convencional. Mais uma vez, constatamos que a influência do
 
adulto na construção moral da criança é um facto importante, pois se segundo Kohlberg, o adulto encontra dificuldades em atingir o nível máximo da moralidade, como poderá
 
construí-la nas crianças?
 
 
 
Podemos esquematizar a teoria de Kohlberg da seguinte maneira:
 
 
 
Nível 1 (Pré-Convencional)
 
            1. Orientação "punição obediência"          
            (Como eu posso evitar a punição?)
 
 
 
         2. Orientação auto-interesse                                                                  
 
         (O que eu ganho com isso?)
 
 
 
 
 
 
 Nível 2 (Convencional)
 
                                  
 
3. Acordo interpessoal e conformidade
 
(Normas sociais)
 
(Orientação "bom moço"/"boa moça")
 
 
4. Orientação "manutenção da ordem social e da autoridade" 
 
(Moralidade "Lei e Ordem")
 
 
 
 
 
 Nível 3 (Pós-Convencional)
 
5. Orientação "Contrato Social"                                               
 
 
 
 
 
 
 
 
 
            6. Princípios éticos universais
 
            (Consciência principiada)