Para tratar o corpo e a mente

05/08/2019 16:04

Ao longo dos séculos, um dos principais anseios do ser humano tem sido vencer a dor e a doença. Em muitos momentos da história – e, talvez, mais do que nunca no momento atual – pesquisadores reconheceram a importância do cérebro não apenas nos processos de adoecimento do organismo e da mente, mas também sua participação nos mecanismos de cura. Curiosamente, esse saber se mostrava mesmo antes da recente descoberta científica de que ligações entre os sistemas cerebral e imunológico podem explicar alguns mistérios antigos sobre doenças. 
 

 

Reconhecendo a importância do cérebro nos processos de adoecimento do organismo e da mente, pesquisadores buscam novos mecanismos para explorar seu poder de cura

Na busca pela saúde, recorremos a rituais, poções, compostos químicos e tecnologias das mais diversas – algumas delas bastante invasivas. Um exemplo disso é que, por milhares de anos, o crânio de pacientes foi furado com o objetivo de libertar os maus espíritos que, segundo se acreditava, eram responsáveis por patologias como esquizofrenia, depressão e enxaqueca. Hoje, a intervenção ainda é usada para evitar lesão neurológica, aliviando a pressão intracraniana, particularmente após alguns tipos de traumatismos. 
 

Felizmente, nem todas as intervenções no cérebro para aplacar sofrimentos mentais e físicos são tão radicais. Vários cientistas reconhecem hoje que, adequadamente estimulado, nosso cérebro pode ser um aliado não só importante, mas fundamental para mitigar sintomas e, em muitas situações, contribuir para a erradicação de doenças. 
 

O neurocientista Kevin J. Tracey, autor de um dos artigos desta edição, escreve sobre o uso de dispositivos eletrônicos estimuladores de nervos para tratar inflamações e reverter deficiências, uma prática que abre caminho para uma nova abordagem, a medicina bioeletrônica. Segundo Tracey, a ideia é aparentemente simples: aproveitar reflexos próprios do corpo para desenvolver várias estratégias eficazes, seguras e econômicas, que sirvam como alternativas a pílulas e drogas injetáveis e, assim, oferecer um tratamento bastante específico, evitando efeitos colaterais dos fármacos. A ciência também mostra que outros estímulos como luz, movimento e calor, oxigenação adequada (por meio de técnicas de meditação) e uso de mensagens subliminares ou mesmo pensamentos direcionados podem trazer alívio. Um grande diferencial dessas técnicas é que a possibilidade de cura não vem de fora, por meio de um comprimido, mas está associada ao desejo de ser curado e à participação do paciente como protagonista nesse cenário. 
 

Boa leitura!
 

Este artigo foi publicado originalmente na edição de novembro de Mente e Cérebro, disponível na Loja Segmento: https://bit.ly/2eJCaHt