![]() |
Tarot: um meio para acessar os conteúdos do inconsciente |
O Tarô tem sido revisto como oráculo desde os estudos de Carl Gustav Jung, que o utilizou em seu estudo sobre sincronicidades e o inconsciente coletivo. A publicação em 1980 do livro "Jung e o Tarô: Uma Jornada Arquetípica" de Sallie Nichols, deu ainda novo enfoque a esta abordagem. Mas as teorias da Psicologia Arquetípica de James Hillman é que podem dar um novo e refrescado sentido ao Tarô. Afinal, se esta linha acredita que a psique é construída, no fundo, através de uma "pluralidade de arquétipos", que melhor ferramenta do que o Tarô para tratar de descobrí-los?
“Meu trabalho se dirige a uma psicologia da alma baseada em uma psicologia da imagem. Estou sugerindo uma base poética da mente e uma psicologia que não começa na fisiologia do cérebro, nem na estrutura da linguagem, nem na organização da sociedade, nem na análise do comportamento, mas dos processos da imaginação”.
A psicologia arquetípica é parte da Psicologia Analítica e se relaciona com a teoria de Carl G. Jung, mas se diferencia radicalmente dela em alguns aspectos. Enquanto a Psicologia Analítica foca na ideia de Self, sua dinâmica e sua relação com os outros elementos da psique, como o Ego e a Sombra, a Psicologia Arquetípica relativiza esses conceitos e foca na Alma, no archai, o padrão mais profundo de funcionamento psíquico, como um padrão fundamental de fantasias que fazem parte da vida.
![]() |
Tarô Mitológico: mitos gregos como alegoria dos Arcanos do Tarô |
Psique ou alma
Hillman foi crítico acerca da psicologia do século 20 (e.g. psicologia comportamental) que adotava uma filosofia e uma prática de ciência natural. As principais críticas citam que essas abordagens são reducionistas e materialistas, sendo psicologias sem a "psique" ou alma.[9] De forma consoante, o trabalho de Hillman visava restaurar a psique no que ele acreditava ser seu "devido lugar" na psicologia. Ele vê a alma através do trabalho com a imaginação, a fantasia, o mito e a metáfora. Ele também acreditava que a alma se releva na psicopatologia, nos sintomas das desordens psicológicas. Psique-pathos-logos são os discursos da alma que sofre. Grande parte dos trabalhos de Hillman visavam revelar o discurso da alma presente em imagens e fantasias.
Como o tarô pode conversar com a Psicologia Arquetípica?
![]() |
Tarô: o espelho da alma |
“Não é verdade que tenhamos ideias; ao contrário, as ideias têm a nós. Devemos saber quais são as ideias, quais são os deuses que nos governam para controlar a sua influência sobre os nossos pontos de vista e nossas vidas”.
![]() |
|
|
Por exemplo, o arcano VII, O Carro, representa a nossa capacidade de seguir adiante, ter foco e nos jogarmos com coragem nos desafios da vida. O Arcano XX, o Julgamento, trata da nossa redenção às forças maiores e elevação espiritual e assim por diante. São Arquétipos de desígnios, impregnados de vastos símbolos universais, presentes em todas as culturas através dos tempos.

O tarô, porém, não pertence à linha da psicologia.
Uma leitura de tarô terapêutico, que seria a proposta dentro de uma Psicologia Arquetípica, não visa curar traumas, aliviar dores emocionais ou tratar psicopatologias. O seu foco estaria em aumentar a consciência dos padrões inconscientes, entender o emaranhado sistêmico em que se está e esclarecer até mesmo que influências estão afetando o processo evolutivo da pessoa.
![]() |
Os Arquétipos do Tarô fazem parte da jornada do ser através dos tempos |
Atuando no entendimento de seu psiquismo profundo, ele pode revelar até mesmo a ligação de traumas antigos e kármicos ligados a problemas anteriores ao nascimento.