O Deus em quem não creio
Muitas vezes quando me perguntam se eu acredito em Deus, eu respondo: “Depende de que Deus você está falando”. Eu não creio, num “Deus banqueiro” que serve apenas para resolver nossos problemas financeiros. Nem num “Deus tapa-buraco” de nossas ignorâncias; nem num “Deus de indulgências” que barganha favores para os homens.
Há vários deuses no supermercado religioso contemporâneo. Mas são todos tão mesquinhos, que não vale a pena desperdiçar tempo falando sobre eles.
Não creio num “Deus” que possa ser colocado numa caixa e estudado num laboratório. Não creio num “Deus” que seja só amor sem justiça, ou que seja somente justiça sem amor. Não creio num “Deus” inseguro, cruel, vingativo ,mesquinho, manipulador e instável como o temperamento humano . Não tenho fé para crer num “Deus” irracional e absurdo. Não creio num “Deus” que seja um mero passatempo e entretenimento para uma vida alienada.
Não creio num “Deus” antiquado e castrador que enxerga pecado em tudo, Não creio num “Deus” insensível ao sofrimento, ao racismo e à escravidão. Não creio num “Deus” que serve apenas como um conforto ilusório para minhas tristezas.
Não posso crer num “Deus” que não passa de uma projeção humana, um “Deus” criado semelhança do homem mesquinho, assim como afirmou Feuerbach. Nesse “Deus” eu não creio. Nem no “Deus pai super-protetor” que Freud negou. Um “Deus” assim teria apenas um monte de filhos mimados e insuportáveis.
Se foi um desses deuses que Nietzsche afirmou que está morto, e não existe . No funeral desse “Deus”, não choraremos.



