Menopausa
01/04/2017 18:06

Que tormento é esse que faz gritar o meu corpo? Estou chegando aos cinquenta anos e tudo o que sinto me causa estranheza. Seria o climatério? Ondas de calor, como se tivesse um fogo ardendo de dentro para fora. São os tais dos fogachos.
O que está acontecendo é uma diminuição funcional de meus ovários. Quando chega à noite, tudo parece aumentar.
Fico ruborizada à toa, como se estivesse envergonhada. Quando chegar a menopausa, a última menstruação, a coisa deve piorar. A irritação será frequente, a libido parece desaparecer. Vou ficar sem tesão? E meu parceiro, como vai lidar com todas as transformações? Minha pele vai ficar sem viço, ficarei sem lubrificação e mais rabugenta.
Ficarei com aquele ar deprimido, de que já morri e não sabia?A vida, às vezes, é bastante dura.
E eu havia pensado que, enfim, nunca mais menstruaria e que tudo seria resolvido. Questões médicas surgem: deverei ou não fazer reposição hormonal? Alguns são a favor e outros não.
Quantas dúvidas, até porque alguns dizem que reposição hormonal pode causar câncer de mama. Claro que na época certa, conversarei com o meu médico a respeito. De qualquer forma, acredito, particularmente, que a menopausa pode ser resolvida de outras maneiras: com boa alimentação, com o corpo em dança, feliz. Trocando experiências com outras mulheres, podemos vir a descobrir que as causas desses desconfortos podem ser potencializadas porque, na verdade, não me sinto de bem com a vida, comigo mesma, com meu parceiro, com minha vida social e profissional.
Podemos ser “inescrupulosas” a ponto de nos escondermos nos sintomas da menopausa, assim como algumas mulheres o fazem com a TPM. Não quero dizer que não existam, mas certas ideias pré-concebidas fazem com que não entremos em contato com as verdadeiras dores e o corpo é quem paga. Claro que depois que “descemos a ladeira”, alguns cuidados são essenciais.
Com a perda dos hormônios, todo cuidado é pouco com a saúde, problemas de osteoporose, cardiovasculares e de pressão arterial são frequentes nessa fase. Devemos fazer exames rotineiramente, sem, contudo, transformar a vida numa ditadura médica e farmacológica. Se quase arrancamos os cabelos por conta de mudanças de humor, talvez pequenos detalhes, que nos valorizem, possam aumentar a autoestima.
Temos que reviver, passar pela idade sem ressentimentos. Aprendemos que a mulher bonita não pode ser menos que as capas de revista. Mas, o envelhecimento natural pode ser belo, se formos capazes de nos potencializar e soubermos aproveitar o talento que temos e que, muitas vezes, foi esquecido por conta de tantos outros deveres.
Saber envelhecer é arte. Nela reside a sabedoria que foi capaz de passar pelo tempo e não se deixou sucumbir.
Se temos projetos, alegria, força, amor à vida, aos bons encontros, nosso corpo se reconfigura. A postura fica mais ereta, os olhos chegam ao alto.
Fico pensando que há muitos séculos “sofremos” o lugar de ser mulher. Como se tudo coubesse em nosso ser: ser mãe, trabalhar fora, apaziguar desentendimentos, ser conselheira, sermos “enxutas”, fazer amor sem vontade, escutar e até obedecer. Supervalorizamos isso e esquecemos, na verdade, de pequenas sutilezas e gentilezas com nós próprias. Cheguei até aqui com a vontade acirrada de podermos repensar esse lugar.
Agora? Mas, já estou com cinquenta, algumas dirão. Não importa! A verdade é que temos que viver um dia de cada vez e, se pudermos escutar o nosso coração, sentir melhor o corpo com suas necessidades, não haverá menopausa que nos enfie num buraco negro. O que haverá é um espaço maior dentro de nós, uma redescoberta de uma mulher mais sábia, que fez de seu próprio corpo uma nova moradia. Maior relaxamento e gozo estarão presentes, porque não teremos a pressa das frenéticas. Teremos o saber e a afirmação pela vida.
A menopausa é um evento fisiológico marcante, natural do ciclo de vida feminino que, apesar de fazer parte da vida de todas as mulheres, pode levar ao sofrimento psíquico. E os efeitos psicossomáticos comuns nesse momento vital requerem maior compreensão.
Como no período da puberdade, a mulher, na menopausa, se depara com antigos conflitos que emergem, se atualizam e são revividos, mas em uma nova forma. Dentro desta dinâmica estão envolvidas, além das questões fisiológicas, as questões socioculturais e principalmente as psicológicas. É um momento vital, que impõe demandas de tal ordem, que se forem ignoradas podem culminar em sintomas depressivos.
Vivemos em uma sociedade onde a beleza e a juventude são valorizadas como modelo de saúde. O desequilíbrio hormonal da menopausa caminha na maioria das vezes lado a lado com as questões relacionadas à estética do corpo e consequentemente com a feminilidade.
Neste sentido, as condições físico-psíquicas da menopausa tornam-se fragilizadas ainda mais pela estranheza que a mulher de meia-idade sente com relação a sua imagem corporal. Os sintomas deste período são característicos do processo de envelhecimento normal. No entanto, muitas vezes as queixas ouvidas nas consultas ginecológicas são transformadas em uma doença, cujo tratamento se dá à base de hormônios e antidepressivos.
Questões Para Uma Nova Idade é um trabalho psicoterapêutico que tem como finalidade desenvolver na mulher a habilidade de refletir as questões implicadas no período da menopausa.
A partir das experiências compartilhadas, busca-se outra forma de lidar com os atravessamentos emocionais comuns a este momento, de maneira que possibilite mudanças no comportamento e nas atitudes como uma nova proposta de vida.
A mudança se dá no sentido de criar um novo ciclo de aprendizagem interpessoal.
É um espaço de escuta, onde a mulher poderá discutir, refletir e elaborar suas angústias e vivências de ordem pessoal. O trabalho busca possibilitar a compreensão do funcionamento psíquico da mulher, seu modo de se relacionar, sua história pessoal e os acontecimentos atuais em sua vida.
O objetivo é contribuir para que a vivência da meia-idade se torne um momento de vida mais criativo, ajudando na compreensão dos sentimentos relativos ao momento.
Consciente de si, a mulher passa a compreender que o evento da menopausa implica questões que vão além da sensação física do calor excessivo e que existem maneiras diferenciadas e criativas de se lidar com esse momento da vida.
Ciente de que pode receber uma escuta adequada num espaço que acolhe, respeita e compreende suas singularidades, as mulheres poderão se expressar melhor. Com isso, poderá buscar uma compreensão plena da significação deste momento como oportunidade de crescimento e de reavaliação, desenvolvendo a percepção de que opções passadas, atuais e futuras podem ser reconsideradas sob o prisma de novas necessidades e possibilidades.

lQue tormento é esse que faz gritar o meu corpo? Estou chegando aos cinquenta anos e tudo o que sinto me causa estranheza. Seria o climatério? Ondas de calor, como se tivesse um fogo ardendo de dentro para fora. São os tais dos fogachos.
O que está acontecendo é uma diminuição funcional de meus ovários. Quando chega à noite, tudo parece aumentar.
Fico ruborizada à toa, como se estivesse envergonhada. Quando chegar a menopausa, a última menstruação, a coisa deve piorar. A irritação será frequente, a libido parece desaparecer. Vou ficar sem tesão? E meu parceiro, como vai lidar com todas as transformações? Minha pele vai ficar sem viço, ficarei sem lubrificação e mais rabugenta.
Ficarei com aquele ar deprimido, de que já morri e não sabia?A vida, às vezes, é bastante dura.
E eu havia pensado que, enfim, nunca mais menstruaria e que tudo seria resolvido. Questões médicas surgem: deverei ou não fazer reposição hormonal? Alguns são a favor e outros não.
Quantas dúvidas, até porque alguns dizem que reposição hormonal pode causar câncer de mama. Claro que na época certa, conversarei com o meu médico a respeito. De qualquer forma, acredito, particularmente, que a menopausa pode ser resolvida de outras maneiras: com boa alimentação, com o corpo em dança, feliz. Trocando experiências com outras mulheres, podemos vir a descobrir que as causas desses desconfortos podem ser potencializadas porque, na verdade, não me sinto de bem com a vida, comigo mesma, com meu parceiro, com minha vida social e profissional.
Podemos ser “inescrupulosas” a ponto de nos escondermos nos sintomas da menopausa, assim como algumas mulheres o fazem com a TPM. Não quero dizer que não existam, mas certas ideias pré-concebidas fazem com que não entremos em contato com as verdadeiras dores e o corpo é quem paga. Claro que depois que “descemos a ladeira”, alguns cuidados são essenciais.
Com a perda dos hormônios, todo cuidado é pouco com a saúde, problemas de osteoporose, cardiovasculares e de pressão arterial são frequentes nessa fase. Devemos fazer exames rotineiramente, sem, contudo, transformar a vida numa ditadura médica e farmacológica. Se quase arrancamos os cabelos por conta de mudanças de humor, talvez pequenos detalhes, que nos valorizem, possam aumentar a autoestima.
Temos que reviver, passar pela idade sem ressentimentos. Aprendemos que a mulher bonita não pode ser menos que as capas de revista. Mas, o envelhecimento natural pode ser belo, se formos capazes de nos potencializar e soubermos aproveitar o talento que temos e que, muitas vezes, foi esquecido por conta de tantos outros deveres.
Saber envelhecer é arte. Nela reside a sabedoria que foi capaz de passar pelo tempo e não se deixou sucumbir.
Se temos projetos, alegria, força, amor à vida, aos bons encontros, nosso corpo se reconfigura. A postura fica mais ereta, os olhos chegam ao alto.
Fico pensando que há muitos séculos “sofremos” o lugar de ser mulher. Como se tudo coubesse em nosso ser: ser mãe, trabalhar fora, apaziguar desentendimentos, ser conselheira, sermos “enxutas”, fazer amor sem vontade, escutar e até obedecer. Supervalorizamos isso e esquecemos, na verdade, de pequenas sutilezas e gentilezas com nós próprias. Cheguei até aqui com a vontade acirrada de podermos repensar esse lugar.
Agora? Mas, já estou com cinquenta, algumas dirão. Não importa! A verdade é que temos que viver um dia de cada vez e, se pudermos escutar o nosso coração, sentir melhor o corpo com suas necessidades, não haverá menopausa que nos enfie num buraco negro. O que haverá é um espaço maior dentro de nós, uma redescoberta de uma mulher mais sábia, que fez de seu próprio corpo uma nova moradia. Maior relaxamento e gozo estarão presentes, porque não teremos a pressa das frenéticas. Teremos o saber e a afirmação pela vida.
Por
Marisa Speranza – www.psicologiaesaude.com.br
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