Medo do Desconhecido

02/11/2012 13:14

 

 
 

Contam as lendas que um espião foi preso e condenado à morte pelo general do exército persa.

Sua sentença era o fuzilamento, mas o general tinha um hábito diferente e sempre oferecia ao condenado outra opção. E essa outra opção era escolher entre enfrentar o pelotão de fuzilamento ou entrar por uma porta preta.

Com a aproximação da hora da execução, o general ordenou que trouxessem o espião à sua presença para uma breve entrevista.

Diante do condenado, fez a seguinte pergunta: O que você quer - a porta preta ou o fuzilamento?

A escolha não era fácil, por isso o prisioneiro ficou pensativo e, só depois de alguns minutos, deu a resposta: Prefiro o fuzilamento.

Depois que a sentença foi executada, o general virou-se para o seu ajudante e disse: Assim é com a maioria dos homens. Preferem o caminho conhecido ao desconhecido.

E o que existe atrás da porta preta? Perguntou o ajudante.

A liberdade, respondeu o general. E poucos foram os homens corajosos que a escolheram.

Essa é uma das mais fortes características do ser humano: optar sempre pelo caminho conhecido, por medo de enfrentar o desconhecido.

Geralmente as pessoas não abrem mão da acomodação que uma situação previsível lhes oferece.

É mais fácil ficar com a segurança do que já se sabe do que aventurar-se a investigar novos caminhos.

É por essa razão que muitos não abrem mão de conceitos e preconceitos para não se expor às novas ideias e raciocínios que exigem uma certa dose de ousadia.

Em vez da liberdade de pensar e agir, preferem o bombardeio de ideias já elaboradas pelos outros, nem sempre bem intencionados.

Acomodam-se facilmente a copiar modos e costumes em vez de usar a razão e o discernimento para construir seu próprio modo de viver, sua personalidade.

A tudo isso se chama clonagem das ideias.

É por essa razão que os adolescentes são facilmente levados por um único caminho, já trilhado pela maioria, por necessidade de aceitação no grupo, ou por insegurança.

É por essa razão que muitos daqueles que detêm o poder insuflam ideias e medos em pessoas que não se arvoram a pensar com liberdade.

Para se ter uma amostra disso, basta observar o sucesso que as músicas de mau gosto, de rimas pobres, de palavras chulas e conteúdo pernicioso têm feito junto à população, através dos meios de comunicação de massa.

É a clonagem das ideias, dos maneirismos, dos modismos...

Aos domingos, pode-se ligar a televisão  para que esta tese se confirme: só se vê as mesmas imagens e o mesmo batuque, os mesmos conjuntos musicais, com os mesmos gestos combinados, a mesma rima pobre.

É preciso ousar e sair desse círculo vicioso da mesmice.

É preciso criar programas nobres, que desenvolvam nas crianças, jovens e adultos, um senso crítico capaz de lhes propiciar a conquista da própria liberdade.

Liberdade de pensar, de agir, de ser...

Liberdade de consciência, de fé religiosa, liberdade de sentir.

*   *   *

Nem sempre o caminho já batido por muitos é o caminho que nos conduzirá à liberdade.

Por vezes, optar pela porta estreita, para que se possa vislumbrar um mundo livre, feliz, sem constrangimentos que tolhem a liberdade e infelicitam os seres.

***Em geral as pessoas morrem em torno dos 30 anos e são sepultadas por volta dos setenta. Levam quarenta anos para os outros perceberem que aquela pessoa está morta. 
Lembre-se: a vida é sempre uma incerteza. Somente o que é morto é certo, fixo, sólido. Tudo o que está vivo muda sempre e se movimenta, é fluido, flexível, capaz de se mover em qualquer direção. "Quanto mais você se torna inflexível, mais está perdendo a vida. Viver é arriscado. Morrer é que não tem nenhum risco. 
Viver é sempre perigoso. Viver significa conviver com o desconhecido. Morrer, é muito, muito mais seguro. Não há lugar mais seguro que um túmulo. Nenhum acidente pode acontecer a quem está morto. 

"Deseje a insegurança pois isso é desejar a vida. Busque a insegurança e a mudança. Procure os caminhos ainda não trilhados e navegue por mares ainda não navegados, porque esse é o caminho da vida. O crescimento é sempre um jogo arriscado. Às vezes a pessoa tem que perder aquilo que conhece em troca de algo que ainda não conhece. Na vida real não há segurança total. Exceto a certeza da morte. E esta é a beleza da vida. É por isso que há tanta emoção. O sucesso na vida só é alcançado por um alto preço. O risco é o preço. Pague esse preço." 

Nesta semana, veja se você não está buscando, demasiadamente, uma segurança total na vida que só a morte é capaz de proporcionar. 

Lembre-se que viver é arriscar. Pense nisto!