Falta de Respeito
Todos sabemos que a falta de respeito com o outro, seja esse quem for, é apenas o reflexo da falta de respeito por si mesmo, e principalmente da falta de autoconhecimento" | Vemos a falta de respeito também nos atendimentos das empresas pelas quais pagamos por seus serviços e quando precisamos de um atendimento, seja para informação, reclamação, sugestão, somos atendidos por gravações, ou ainda, por pessoas que recebem treinamento para agirem como se fossem robôs, como se quem estivesse do outro lado, no caso, nós, não fossemos dignos de respostas ou de nossas solicitações atendidas. |
E quando dirigimos nossos automóveis pelas ruas públicas, quantos de nós não temos observado o carro à frente ir bem devagar, mesmo estando do lado direito, e ao se aproximar do farol que está fechando, acelerar mais, te deixando parado? Ou ainda, motoristas que param no meio da rua, sem se importarem com quem vem trás? E o recente acidente onde o rapaz foi gentilmente ajudar outro motorista e pagou com sua própria vida, não sendo socorrido nem por quem ele quis ajudar? O que dizer diante de tanto desrespeito pela vida humana? Sem falar do caso Isabella, e tantos outros que temos conhecimento e tantos que nem ficamos sabendo.
Mas podemos pensar em casos bem mais próximos, dentro de nossa própria família e muitas vezes, dentro de nossa própria casa. Quantas pessoas são violentadas, agredidas, desrespeitadas, pelo marido, mãe, filho, tio, irmão, etc., e não conseguem forças nem para se defender?
Até aonde vai o limite da tolerância e paciência diante desses fatos? Paciência... penso que esse é um dos nossos grandes aprendizados que todos temos que obter, mas como agir quando estamos sendo lesados, prejudicados, injustiçados, passados para trás? Como lidar com o sentimento de impotência frente às várias situações que nos são colocadas no dia-a-dia?
As pessoas estão se esquecendo, ou será que nunca aprenderam, a colocar em prática a ética, responsabilidade e respeito? Quando criança, ainda me lembro, meu avô dizia que a palavra valia mais que qualquer papel. Existia responsabilidade pelo que se fazia, falava, mas não nos dias de hoje. Na maioria das vezes nem com documentos conseguimos provar algo, e se tentamos, podemos levar anos. O que leva muitos a sequer tentarem lutar pelos seus direitos, infelizmente, tornado-se omissos e dando cada vez mais poder para aqueles que já o detêm, e que demonstram precisar disso para provar aos outros, e a si mesmos, que com poder são pessoas com mais capacidade, quando sabemos que na verdade, autoridade e poder nada tem haver com capacidade.
Pessoas que são agressivas em seu modo de falar, agir, e assim, intimidam, humilham, envergonham, querem conseguir o quê? O respeito que eles mesmos não sentem por si próprios? Se impor perante o outro, apenas com o intuito de mostrar que quem manda é ele? Afinal, qual a vantagem que se obtém no desrespeito?
Todos sabemos que a falta de respeito com o outro, seja esse quem for, é apenas o reflexo da falta de respeito por si mesmo, e principalmente da falta de autoconhecimento. Não pretendemos ser melhor que ninguém, mas não podemos negar que cada um age de acordo com seu nível de evolução, e quem sabe vendo por esse prisma, conseguimos compreender as limitações, para não dizer, maldade, do ser humano para com seu próximo.
É lamentável que cada vez mais a falta de respeito, e em seu extremo e conseqüência, as atrocidades existam, e se fazem presente dentro de nossas casas, quando não literalmente, pela mídia; mas devemos, sim, aprender também a nos defender; de maneira honesta, responsável, ética, mas nos defender. Como? Começando por cada um fazendo uma análise de seus próprios comportamentos, observando-se como age com aqueles que ama, com amigos, conhecidos e principalmente, desconhecidos. Se após sua análise profunda e verdadeira, concluir que não há o que mudar em si mesmo, ou se você até tem o que mudar, mais respeito pelos outros e por si mesmo não lhe falta, continue assim!
Afinal, não é porque algumas pessoas, ainda que seja maioria, não respeitam nada, nem ninguém, é que iremos mudar nosso próprio jeito de ser para nos tornar igual. Devemos sim, aprender com aqueles que exercitam acima de tudo a humildade e respeito, e ter paciência com aqueles que não sabem ou ainda, não aprenderam, que o respeito pelo outro começa com o devido respeito por si mesmo.
Por que a falta de respeito e de comprometimento é tolerada? | |||||
Prometer e não cumprir, mania de brasileiro? Se um de vocês já fez reformas, mudou de casa ou precisou contratar vários tipos de prestadores de serviços ao mesmo tempo, vai entender o que vou dizer: passar por isso é simplesmente enlouquecedor!!! É uma pequena amostra do que acontece em várias outras esferas no nosso País.
E tem mais! Se você for daqueles que costuma fazer tudo corretamente e por isso se sentir injustiçado e decidir reclamar, a sensação será pior ainda. Será olhado como se fosse algum tipo lunático vindo de um outro planeta, ou um coitado e ingênuo que ainda “não sabe que assim é que funcionam as coisas por aqui”. Esse pensamento virá acompanhado de um risinho malicioso, se você prestar atenção, perceberá. Passei por tudo isso recentemente, o que me fez pensar: quais serão as raízes desse comportamento? Por que será que nós, brasileiros, pecamos tanto quando se trata de comprometimento, responsabilidade e respeito? Por que será que a nossa palavra vale cada vez menos? Por que somos capazes de mentir sem nem ao menos ficar com as bochechas vermelhas? (Nem ao menos levemente rosadas, eu diria). Ah... como falta ética nos dias de hoje... Será que isso acontece em função de uma ênfase no crescimento, sem que as bases sejam fortalecidas e estruturadas para suportar o aumento de demanda? Será que nos sentimos tão pequenos a ponto de acreditar que só conseguiremos seguir em frente às custas de iludir o próximo? Será que se deve a uma enorme falta de auto-estima coletiva? Por mais que tenha pensado, confesso não ter chegado a nenhuma conclusão definitiva, a não ser a de que não estamos “nem aí” para as outras pessoas. Parece existir uma plaquinha pendurada lá no “teto” do Brasil onde está escrito : “Salve-se quem puder!”. A lógica parece ser a seguinte: se para me salvar eu precisar mentir, iludir, enganar, prometer... eu mentirei, iludirei, enganarei e prometerei; sem culpa, afinal a plaquinha me dá a permissão para agir assim. Além disso... todos já sabem que “é assim que funciona”. Para piorar a situação, enquanto povo, somos conformistas, aceitamos tudo sem reclamar, o que permite que esse modelo de desrespeito se perpetue. Recebemos um produto com atraso, pela metade, imperfeito e ainda agradecemos com um irritante sorriso em nossa face. Quanto muito nos calamos. Por que somos assim? Vejo um círculo vicioso nessa questão que funcionaria mais ou menos assim: 1. Alguém nos desrespeita. 2. Nos sentimos lesados e acreditamos que temos o direito de revidar. Então desrespeitamos o outro. Como nos portamos com falta de respeito para com o próximo, acabamos achando, lá no fundo, que não somos “tão bacanas” assim. E se não somos bacanas, não merecemos ser tratados como tal... Assim, quando alguém falta com o respeito conosco, aceitamos, como se fosse uma justa punição por nossa própria atitude de descomprometimento. E começa tudo de novo... Me parece que para sair disso precisamos fazer uma escolha difícil. Precisamos resgatar nossa auto-estima agindo de maneira que nos sintamos orgulhosos de quem somos. Precisamos agir de maneira tão respeitosa que, lá no fundo de nossa alma, um letreiro gigante comece a emanar uma nova frase, em um neon pink “supermega brilhante”: “Eu sou bacana e mereço ser respeitado!” Só quando nos sentirmos dignos, é que seremos capazes de nos indignar com a falta de respeito alheia a ponto de tomar alguma atitude, lutar por nossos direitos, manifestar a nossa insatisfação, exigir mais respeito nas relações! São muitas as formas de se fazer isso, nem vou entrar nessa questão. Hoje o que me importa é tocar aquele ponto lá dentro de você que sabe que ninguém merece o que anda acontecendo por aqui!!! Precisamos mudar, e precisamos mudar logo! E temos que começar por nós mesmos. É claro que para isso precisaremos ter autoconfiança o suficiente para encarar aqueles que nos chamarão de bobos, de idiotas talvez, por estarmos agindo eticamente quando “ninguém o faz”. Eu lhe digo... não importa o que os outros pensem ou digam, não traia os seus princípios, procure agir respeitosamente, faça com que suas palavras tenham valor, paute suas atitudes por valores como verdade e comprometimento. Não jogue sua credibilidade fora. Nunca. Ela é um de seus bens mais preciosos, acredite. Mesmo que algumas vezes você se decepcione com as pessoas, existe uma pessoa que nunca o decepcionará: você mesmo. E tenha certeza: quando nos sentimos bem a nosso próprio respeito, quando acreditamos que somos pessoas “bacanas”, inconscientemente abrimos as portas para que as boas coisas da vida venham até nós. Não podemos mudar o mundo, é uma verdade. Mas podemos heroicamente resistir, manter nossa chama acesa mesmo em meio à escuridão. Podemos continuar sendo o melhor que existe em nós ao resistir, ao não nos permitir ser tragados por essa onda coletiva de absoluta falta de consideração. A meu ver esse é o maior desafio pelo qual passamos e talvez uma das maiores formas de fazer diferença nos dias de hoje.
|
Ética é respeito, respeito pela natureza, pelos seres vivos, pela pessoa que está à nossa frente. Respeito por aquilo que traz o bem ao todo, à maioria das pessoas. Não é difícil avaliar se estamos ou não sendo éticos.
Como podemos exigir ética de nossos governantes se nossa vida carece tanto dessa qualidade?
Eu não acredito que as coisas possam mudar sem que cada um de nós reencontre um senso de dignidade em nossas vidas. Eu não acredito que possamos transformar o mundo sem transformarmos a nós mesmos em primeiro lugar, sem que sejamos capazes de reciclar o nosso lixo físico e emocional, de respeitar o nosso vizinho, de conversar com um ouvido que busca sabedoria e não a pura obtenção da razão.
Eu não acredito que possamos cobrar apenas dos políticos sem nos dar conta das inúmeras faltas éticas que praticamos no dia-a-dia, coisas pequenas que escapam aos nossos olhos altamente auto-indulgentes.
Que ilusão olhar para tudo de fora...
Vamos crescer, eu sei que vamos. Eu e você!!