Eu me amo e me protejo: sei impor limites
Nós temos o poder de impor limites e de nos relacionarmos como desejamos, mesmo que não tenhamos muita consciência disso, tudo depende da atitude que escolhemos. A partir disso, interagimos com os demais, com o mundo e, é claro, com nós mesmos.
Entretanto, dentro de todas as formas de nos relacionarmos, a que tem mais importância e age como o suporte de todas as demais é a maneira como nos relacionamos com nós mesmos. De acordo com a forma como nos tratamos e respeitamos, estaremos mais ou menos abertos a nos relacionarmos com os demais e com o universo. Portanto, se cuidarmos de nós mesmos poderemos ter relações mais verdadeiras com aqueles que estão ao nosso redor.
Quando amamos a nós mesmos muitas coisas são importantes, principalmente nos conhecermos para sermos capazes de saber até onde podemos ir, e até onde as pessoas podem contar conosco. Além disso, isso vai refletir nos relacionamentos que temos.
Se conhecermos a nós mesmos, vamos enriquecer nossas relações e seremos capazes de entender os diferentes limites que existem. A seguir iremos nos aprofundar na linda experiência de se amar e se proteger.
“Amar a si mesmo é entender o seu próprio valor e cuidar desse grande tesouro”.
Por amar a mim mesmo, sei até onde posso chegar
Quando nos amamos, somos capazes de saber até onde podemos chegar.Apreciamos tanto a nós mesmos que entendemos que temos limites. Portanto, sabemos que:
- Não somos perfeitos. Dizer que amamos a nós mesmos implica compreender que somos imperfeitos. Então, sabemos que podemos cometer erros e não nos frustramos com isso.
- Não nos esforçamos além da conta. Amar a si mesmo também significa saber quando parar. Se nos esforçarmos além das nossas possibilidades, acabaremos mal.
- Podemos aprender com os nossos erros. Amar a si mesmo também é ver cada erro como um aprendizado. Então, não nos afogamos nas tempestades, porque conhecemos a nós mesmos e sabemos que cada coisa que nos acontece é uma grande experiência.
- Nos deixamos surpreender. Quando dizemos e sentimos um “eu me amo”, vivemos o aqui e o agora. Como nós nos conhecemos, sabemos até onde podemos chegar e não forçamos o futuro, nem queremos ter tudo sob controle. Amar-se significa deixar fluir o melhor de si!
Ao nos amarmos, nos conhecemos de maneira profunda, e isso faz com que saibamos como somos. Assim, sabemos claramente como são as nossas emoções e os nossos pensamentos, e podemos prever como será a nossa reação em diversas situações.
Inclusive, quando nos conectamos com um “eu me amo” potente, podemos saber o que é o melhor para nós. Portanto, tomamos decisões de acordo com isso e entendemos o que pode vir a acontecer, mesmo sendo algo ruim ou não muito agradável – tudo é um aprendizado. Além disso, não julgamos a nós mesmos pois compreendemos que não somos onipotentes, que nem tudo está em nossas mãos.
Sabemos quando impor limites e dizer chega!
Quando dizemos que nos amamos, isso quer dizer que nos valorizamos tanto que somos capazes de impor limites aos demais. Trata-se de dizer “não” quando algo não é do nosso agrado e, assim, ir construindo nossas relações. Assim, as pessoas que nos cercam saberão até que ponto podem chegar conosco, ou seja, o que nos incomoda e o que elas podem ou não fazer.
Dizer “eu me amo” também significa expressar um “chega!”. É uma forma de comunicar aos demais que eles estão exagerando. Dessa forma, colocamos limites e nos protegemos do que nos faz mal. No entanto, nem sempre podemos evitar porque não temos controle sobre os demais, mas podemos diminuir algumas possibilidades.
Além disso, quando nos amamos, mesmo que estejamos profundamente ligados a alguém, sabemos dizer “não”. E também sabemos dizer “chega, acabou!”, porque entendemos que certas situações podem acabar sendo muito dolorosas para nós. Assim, amar a nós mesmos também quer dizer que sabemos o que pode ser bom e ruim para nós.
Saber claramente o que somos e o que podemos nos tornar ajuda a fazer os demais entenderem até onde eles podem chegar conosco.

Benefícios de se amar e de se proteger
Ao nos amarmos e protegermos, criamos um ambiente mais harmonioso pois nos livramos das angústias e podemos ser sinceros conosco e com os demais. A melhor forma de desfrutar das relações é mostrar exatamente quem somos, saber o que gostamos e transmitir isso efetivamente. Sendo assim, ao impor limites temos diversos benefícios. Estes são alguns deles:
- Liberar pensamentos negativos;
- Melhorar a qualidade de vida;
- Deixar fluir;
- Melhorar o humor;
- Resolver problemas;
- Aprendemos a nos conhecer;
- Facilitar a assertividade;
- Ajudar a tomar decisões.
Ao praticar o amor próprio, compreendemos amplamente como somos, o que queremos e até onde vamos. Isso vai nos ajudar a traçar limites quando tentarmos ser perfeitos, quando nos frustrarmos ou quando as coisas parecerem incontroláveis.
Como vimos, impor limites é cuidar da pessoa que somos, projetar esta imagem nos demais e criar relações mais sinceras. Assim, é possível sentir uma maior tranquilidade.
Deixe o medo para trás e atreva-se a conhecer o seu próprio amor incondicional! Marque um encontro consigo mesmo e descubra o melhor de si.
“Amar a si mesmo é o início de um romance que dura a vida toda”.
– Oscar Wilde –
Não coloque limites em seu sofrimento. Estire-o tanto a ponto de parecer estar esticado por uma avenida inteira para depois ele vir atrás de você, fazendo um forte efeito “bumerangue”. Para te sufocar, te culpabilizar, te imobilizar. Não coloque limites às pessoas que estão ao seu redor. Seja uma boa esposa, um modelo de trabalhador assalariado.
Estire sua paciência até não poder mais, porque sempre nos ensinaram que o sacrifício anda de mãos dadas com a virtude, embora isso não implique anular a nossa vida e os nossos desejos. Você pode escolher isso. Não coloque limites, mas você tem que saber que jamais irá receber um “obrigado” ou um “desculpe” por isso. Que as pessoas irão se acostumar tanto a ver você em um determinado papel, que não irão acreditar que você merece respeito por tudo aquilo que faz, pelo sentido da sua própria luta.
A consequência direta de suportar as coisas que machucam, palavras mal-intencionadas, golpes, abusos e negligências não é outra, senão a de transformá-lo na presa perfeita da selva urbana, na isca perfeita para todo tipo de predadores.
O preço de não colocar limites
Ninguém está te culpando por sofrer algum tipo de abuso ou ter atravessado uma metamorfose psíquica irreversível se você não pôde contar com a ajuda de que precisava a tempo. Há pessoas que sofreram tanto que acreditam que só servem como um mero saco de pancadas.
Você deve pensar que pelo menos, se não consegue ter forças para seguir em frente por si mesma/o, sempre pode entregar a última força do seu fôlego, a raiva que escondem os desejos dos seus suspiros ou o último esforço de subir uma escada para ajudar o outro a conseguir completar seus degraus.
Ninguém está te culpando por ter chegado a esse estado de indigência emocional, à sensação de que todo indício de magia e criatividade em seu interior foi engolido pelas circunstâncias. Mas se você ainda tem lucidez suficiente para perceber que se encontra neste estado, há tempo para dar um passo para trás e colocar o freio em certas situações.
Talvez você tenha tempo de não cortar relações com um machado, mas de eliminá-las pela raiz com uma linha de seda, como a “depilação indiana”. Quase imperceptível, mas infalível.Talvez você se encontre neste maravilhoso ponto do caminho onde você sabe que ninguém virá em seu socorro, mas que também não é necessário que venham. Você está a tempo do que chamam de “uma cura expressa” do ambiente ao seu redor. Um detox social, rico em vitaminas e sem aditivos humanos tóxicos.
A importância de se “psicopatizar” para algumas pessoas
Não faltam psicopatas neste mundo. Infelizmente, às vezes eles são extremamente difíceis de detectar. Outras são apenas sombras tênues com alguns traços perversos. Injustamente, em certas ocasiões, pessoas com caráter e que se negam a calar perante a injustiça são tratadas de pior forma do que as primeiras.
Por isso, o preço de não saber colocar limites é muito alto. Este se eleva quando nos negamos a ver a realidade que temos diante de nós, quando não sabemos detectar as ofensas e/ou enfrentá-las a tempo. O cheiro do seu medo de abandono, da crítica ou do estigma se transforma no melhor aliado dos que não hesitam em fazer com que sua fraqueza seja sua primeira pele para amortecer os golpes.
Há tantos tipos de pessoas, tantas complexidades nas relações humanas, que seria impossível conhecer por que umas funcionam de uma forma e não de outra. Se tudo seguisse um roteiro ou um plano divino, seria tudo sem graça e sem sentido.
No entanto, alguns padrões relacionais parecem se repetir uma vez ou outra. Os observamos, os combatemos e sofremos com esses padrões. São aqueles caracterizados por um sistema comunicacional em que certas pessoas não têm voz. Padrões de relação em que alguém não coloca limites à sua entrega, mesmo que isso signifique a sua infelicidade.
Relações em que uma pessoa se nega o direito de poder pensar primeiro nela mesma. O preço de não colocar limites às exigências, às opiniões preocupantes que não foram solicitadas e aos maus modos é que você nunca irá receber o menor gesto de cortesia.
Não espere nunca um “desculpe” ou um “obrigado” de alguém que há muito tempo ultrapassou os limites do abuso emocional com você. Essas palavras de cortesia e de agradecimento serão outorgadas a alguém que, talvez sem dar nada, já ganhou o direito de todos os elogios.
Talvez seja um bom momento para voltar a recuperar sua pele, se “psicopatizar” um pouco, até o limite de que você seja a primeira nos seus planos e a primeira na lista de pessoas que você pode fazer feliz.
Você ainda pode ter muitas surpresas, saber colocar cercas em volta da sua resistência, rebelar sua outra face, mas sem ofender e cravar com aço tanto os seus limites quanto as suas limitações. Não espere nunca um “desculpe” ou um “obrigado” de quem permitiu que você ficasse de joelhos para que ele/a permanecesse em pé. Essa pessoa não te merece.