Conheça os efeitos anti-depressivos do exercício físico

17/07/2017 21:52

 


Talvez a mais importante das atividades anti-depressivas seja  a prática de exercício físico. Quando digo, anti-depressivo, não estou a usar uma facilitação de linguagem. Estou apenas a relatar o que se sabe sobre este assunto. Por exemplo, o investigador Stuart Biddle, um dos mais interventivos nesta área e que, por várias vezes, visitou o nosso país, demonstrou nos seus últimos trabalhos que o exercício não só aumenta o número de emoções positivas, como também previne o mal-estar, nomeadamente aquele causado pela depressão. Mas como pode o exercício ajudar-nos a prevenir a depressão?

Primeiro é necessário conhecer realmente os benefícios da actividade física, criar uma atitude positiva face ao exercício e transferir o controlo da situação para si próprio, consciencializando-se que o exercício “junta o útil ao agradável".
A razão porque o exercício faz sentir bem, e consequentemente tem efeitos anti-depressivos é explicada de diversas formas. Além da famosa explicação das endorfinas (a qual parece não ser a mais correcta!), o exercício optimiza a produção de uma outra substância que actua no Sistema Nervoso Central: a serotonina. Ela está intimamente ligada à regulação dos nossos ritmos circadianos. Estes ritmos têm a ver com ciclos fisiológicos e comportamentais diários, como por exemplo os momentos de maior actividade ou de sonolência.
A produção de serotonina leva a que, quando se faz exercício regularmente, reduzam-se os problemas relativos ao sono, definam-se melhor os momentos das refeições, de trabalho e de lazer, enfim, estruturem-se melhor as rotinas diárias. Uma boa noite de sono é essencial para que o dia corra bem. O exercício é um precioso regulador destas funções. Quando se faz exercício optimiza-se de tal modo o funcionamento da serotonina que se ganham resistências para o dia-a-dia stressante, e consequentemente previne-se a depressão. Parece então que um dos melhores comprimidos para a depressão é exercício de intensidade moderada a vigorosa, com duração superior a 30 minutos por dia.

Todavia, os efeitos anti-depressivos do exercício vão mais longe.**** Quando o grupo de pessoas com quem se exercita lhe trás satisfação, a rede de contactos estabelecida permite-lhe distrair-se das situações stressantes da sua profissão, permite-lhe partilhar outro tipo de sentimentos com estas pessoas, o que faz aumentar o número de emoções positivas, a sua auto-estima e consequentemente o seu bem-estar. Por outro lado, o simples facto de implementar no seu dia-a-dia, mais actividade (por exemplo, andar mais a pé) contribui para um ambiente menos poluído, não só a nível do ar, mas também ao nível do ruído. Ora um ambiente poluído é um ambiente stressante, causador de mal-estar. O exercício permite-lhe até melhorar o seu ambiente.

Programas personalizados
A junção destes conhecimentos vindos da psicologia em programas de controlo de peso, de optimização do desempenho, ou de bem-estar acrescenta aos tradicionais planos alimentares e de exercício, a visão global da pessoa e do seu contexto diário. Esta integração não é meramente uma boa ideia. É já uma realidade.
Várias empresas nos EUA já investigaram e implementaram programas que primam pela integração da psicologia, do exercício e da nutrição, de modo a optimizar o bem-estar da pessoa. Esta integração deve ser personalizada, pois existem muitos aspectos que nos distinguem uns dos outros. Apenas os especialistas podem prescrever qual a alimentação e o exercício para que este tenha de facto um efeito anti-depressivo, de acordo com as características de cada um. Em Portugal, temos ainda poucos exemplos, mas é possível encontrar já especialistas a trabalhar de forma integrada.

O caso da Metabólica é pioneiro e tem demonstrado como estes conhecimentos também se aplicam na vida quotidiana dos portugueses. Ao longo de quatro anos, pessoas com os mais diversos perfis profissionais, de artistas a gestores, sentiram-se melhor, tiveram um peso mais saudável, e obtiveram um melhor desempenho nas suas actividades. O segredo parece ser simples: perceber a pessoa como um todo, e com as suas especificidades. Assim, as prescrições de exercício e da alimentação só são eficazes se forem personalizadas.

Em síntese, o exercício é uma das actividades que melhor previne a depressão, quer seja por alterações biológicas, psicológicas, sociais e ambientais.
Todavia, para beneficiar destes efeitos é necessário adequar o exercício à pessoa, integrando-o no quotidiano e nos seus hábitos globais de saúde. Esta é a diferença entre o exercício por obrigação e o exercício como sublimação!