CIÚME E POSSE

07/04/2013 19:45

 

Entenda o que há por trás desses comportamentos e aprenda como lidar!!

 
 
 
 

 

Quando em excesso, o ciúme constrange, machuca e aprisiona. No entanto, nem sempre o que vemos no comportamento do outro é ciúme. Trata-se, muitas vezes, de sentimento de posse. Mas como diferenciar uma coisa da outra?

O ciúme geralmente acontece quando o sentimento de perda é acionado e isso frequentemente tem a ver com um contexto sexual. Por exemplo, se seu namorado conversa com um homem, uma moça feia, idosa ou ainda uma criança, você fica bem. Mas se ele fica ao lado de uma moça bonita, seu ciúme logo se acende, pois, seu maior medo, antes mesmo de que ele se apaixone por outra, é que ele tenha algum contato físico com ela. É claro que existem níveis diferentes de demonstrar o ciúme, indo daquele que parece indiferente ao que grita aos berros no meio da rua toda vez que se sente ameaçado.

A posse é um sentimento constante, pois implica na criação de uma relação na qual um é dono do outro. Ou seja, tudo o que um faz deve passar antes pela aprovação do outro, desde a roupa que usa, lugares que frequenta, às pessoas com quem sai, etc. Neste sentido, quem tem sentimento de posse, não dá nenhuma liberdade ao seu par, nem de ele ser ele mesmo. Logicamente, tal como no caso do ciúme, existem níveis diferentes de posse. Aliás, muitas pessoas podem ser, de forma alternada, ciumentas e possessivas, dependendo da situação.

 

LIDANDO COM O PROBLEMA

 
  • Quem é ciumento

É preciso aprender a ter mais autoconfiança, lembrando que não existe melhor forma de saber se alguém lhe ama ou não do que permitir que conheça outras pessoas interessantes e, mesmo assim, retorne para casa com você. Existe o risco de isso não acontecer? Sim, mas, apesar da decepção que você possa sentir, é claro que o sentimento não era tão forte quanto você imaginava. Fora que é um sinal de autovalorização você se felicitar por ter evitado continuar com alguém que não lhe amava de verdade ao invés de ficar triste ou pensando mal de si mesmo.

  • Quem é vítima de ciúmes

 Você não precisa mudar sua personalidade,  apenas  encontre a medida certa para que você seja livre e ao mesmo tempo  respeite o outro.

  • Quem é possessiv

Lembre-se que não existe nenhuma graça em ter uma sombra ao seu lado, pois não há nada melhor do que ter um parceiro que lhe surpreenda com sua personalidade, ideias e ações. Afinal, é assim que nos tornamos pessoas mais interessantes e completas. Se o outro sempre fala "amém" para tudo o que você diz, que relacionamento é esse afinal? Você poderia simplesmente ficar sozinho, que não faria muita diferença. Além disso, querer possuir alguém é afirmar o quão inseguro somos de nosso poder pessoal ao ponto de ter que obrigar alguém a ficar conosco e a fazer tudo o que queremos.

  • Quem é vítima de poss

Primeiro se pergunte por que entrou nesta situação, pois para que alguém mande em nós é preciso que antes tenhamos aceitado esta intervenção. De alguma forma, a pessoa dominada é tão insegura quanto a que domina. Tente ser forte e não tenha medo de mostrar sua real personalidade. Se isso não for aceito, não tem problema. Com certeza existem outras pessoas que procuram alguém exatamente como você e que respeitarão e aprovarão sua individualidade.

PARA CONTINUAR REFLETINDO SOBRE O TEMA

Muitos filmes, livros e peças de teatro retrataram esses dois sentimentos. Que tal conhecer algumas obras para poder refletir mais sobre o assunto? Filmes como "Nunca Mais" (2001), estrelado por Jennifer Lopez,; "Dormindo com o Inimigo" (1990), com Julia Roberts; e até mesmo "Titanic" (1997), estrelado por Leonardo DiCaprio, mostram situações de amor possessivo. Já "Otelo", de Shakespeare, conta uma história de ciúme que acaba mal. Agora, se quiser ver os dois sentimentos ao mesmo tempo, assista o filme "Closer - Perto Demais" (2004), que mostra dois casais, no qual um dos homens sofre de ciúme e o outro de posse.

 

 

 

QUER EXCLUSIVIDADE EM SEU RELACIONAMENTO?

Sabe diferença entre lealdade e fidelidade?

Para a maioria das pessoas, o modelo ideal é a relação de exclusividade, principalmente exclusividade sexual. Isso porque essa grande parcela da população acredita que se o indivíduo não transar com mais ninguém além do próprio parceiro ou parceira, é sinal de que ele lhe tem amor e é honesto em seus sentimentos. Na sociedade machista, alguns homens tendem a exigir que essa regra seja cumprida por suas mulheres, mas nem de longe a regra se aplica a eles. O casal estabelece o jogo do "faz-de-conta",  "você finge que  não me engana e eu finjo que acredito". E, dessa forma, seguem a vida até que ocasionalmente se descobre  uma pulada de cerca , mas impossível de não enxerga

 

POR QUE AS PESSOAS TRAEM

No fundo, cada um acredita que tem bons motivos para "trair" e de certa forma conseguem lidar com o relacionamento sem que, na maior parte das vezes, o relacionamento paralelo  l interfira na vida do casal. Ao menos é nisso que quem "trai" acredita..

Onde reside a hipocrisia? Certamente no tipo de acordo que se faz quando o casal sela um compromisso. Dificilmente se inicia um relacionamento considerando as experiências já vividas e ouvidas. Dificilmente as pessoas se enxergam como seres humanos que são, ou seja, vulneráveis, inseguros, sedutores, carentes e inquietos por explorar novos territórios. . Quando nos propomos um compromisso afetivo com alguém, perdemos a perspectiva do tempo que passa, das  mudancas  internas, da rotina que se estabelece, e nos julgamos blindados frente aos infinitos apelos que a vida proporciona e às inúmeras adversidades que surgem decorrentes de uma união que muitas vezes "empurra" uma ou ambas as partes a buscar outro tipo de acolhida em outros braço

Será que "trair" significa necessariamente ausência de amor, como se quer acreditar muitas vezes? Vamos enumerar algumas poucas razões que motivam a "traição"

  • não sentir-se desejado pelo parceiro
  • não sentir-se amado pelo parceiro
  • sexo insatisfatório
  • descompasso na vida sexual
  • vingança ("ele (ou ela) me traiu, então vou fazer o mesmo - mesmo que o outro não venha a saber...")
  • falta de atenção por parte do parceiro
  • carências diversas
  • desejo de experimentar novas emoções
  • dúvidas quanto ao próprio poder de sedução
  • pressão social
  • dificuldade de reinventar e renovar o relacionamento
  • apaixonar-se por outra pessoa

Poderíamos enumerar mais motivos que levam a uma "traição", mas o fato é que as razões são muito particulares e sempre se justificam aos olhos de quem "traiu"

LEALDADE PODE SER MAIS RELEVANTE QUE FIDELIDADE

É importante partir do princípio de que só existe traição quando se estabelece um acordo de fidelidade, seja ele implícito ou explícito. Sendo assim, qual seria a saída ideal para absorver esse fato, sem se exasperar com o orgulho ferido ou com o sentimento de desamor?

Podemos começar por substituir a palavra "fidelidade" pela palavra "lealdade". Uma união é muito mais que a ilusão de posse sobre o corpo do outro, e muito mais que a falsa ideia de que somos completos para as necessidades emocionais do parceiro.

"Uma união é muito mais que a ilusão de posse sobre o corpo do outro, e muito mais que a falsa ideia de que somos completos para as necessidades emocionais do parceiro."

*******Ninguém é tão completo ou tão versátil que possa ser "tudo" para o outro. Sem essa consciência continuaremos no mesmo atoleiro que faz de tantos casais uma dupla de vítima e algoz, sem que de fato eles sejam uma ou outra coisa.

 

A diferença entre fidelidade e lealdade tem uma sutileza  entre um e outro conceito. Enquanto a fidelidade pressupõe um dever moral, praticamente um contrato cuja quebra tem o sofrimento e a vergonha como punições, ******a lealdade não se ocupa com regras, mas com a confiança no vínculo de afeto, com valores que tocam as emoções, com um respeito que vai muito além da formalidade  da fidelidade.******* A lealdade pressupõe um grau de maturidade emocional que compreende e aceita a natureza humana sem vulgarizar  e  exigir  um  ser  perfeito.

Quando um casal faz um acordo de fidelidade e esse acordo é quebrado, a "traição" leva um à culpa massacrante e o outro a um sofrimento que engloba sentimentos de exclusão, abandono, rejeição, vergonha, raiva, e tantos outros. A digestão é difícil, a desconfiança se instala, e a relação - quando não se rompe - se torna desigual mesmo que o "perdão" aconteça.

 

*****Quando o acordo é de lealdade e um dos dois experimentou um relacionamento com outra pessoa, já existe, por princípio, a compreensão, o entendimento de que todos somos suscetíveis, uns mais outros menos, a nos deixarmos levar por alguma circunstância que seduza nossos sentidos. É claro que ciúme e desconforto com o fato de sabermos que nosso parceiro (ou parceira) está ou esteve envolvido em outra história, mesmo que seja passageira, são sentimentos igualmente humanos, não se pode evitar quando amamos. Mas a carga da palavra "traição" não estará presente, o que já prenuncia um diálogo mais sereno e com possibilidades mais realistas de ajustar o relacionamento com mais sinceridade. Sequer a palavra "perdão" cabe, pois entende-se que a compreensão da condição humana prescinde de qualquer perdão.

 

Ser leal num relacionamento começa realmente com uma boa dose de maturidade que pressupõe, entre outros fatores, optar por viver a vida para si (para o próprio casal) e não para os outros. Já o acordo de fidelidade parece estar atrelado a algum tipo de satisfação à sociedade e o casal se torna passível de julgamento:

 

 
  • Fulano é um sem vergonha!
  • Como ela teve coragem de perdoar a traição?
  • Ah, foi traído porque deve ter merecido.

 

 

Isso sem contar os comentários mais vulgares e apimentados, como se quem sofreu a "traição" fosse motivo de chacota ou como se quem "traiu" fosse um monstro insensível. Mas, infelizmente, muitos que se veem nessa situação acabam, por imaturidade ou por inércia, acreditando nos rótulos julgadores que fazem parte de uma cultura rasa que já deveria estar ultrapassada.

 

DIANTE DE UMA TRAIÇÃO, RENOVE-SE

 

 

É claro que o ideal seria manter relacionamentos sólidos e exclusivos como forma de nos proteger e de protegermos os sentimentos do outro. Mas é claro também que a vida é dinâmica, nos prega peças, nossos interesses mudam e estamos em constante aperfeiçoamento e adaptação a novas circunstâncias. Muitas coisas que fogem ao nosso controle podem acontecer... e acontecem! Não vivemos um conto de fadas e a realidade é sem dúvida muito mais rica e diversa, cheia de possibilidades que podem enriquecer e fortalecer uniões, ou mesmo promover finais menos sofridos e traumáticos quanto mais estivermos conscientes de nossa condição humana.

 

Diante de uma "traição", ao invés de se culpar acreditando que não foi boa (ou bom) o bastante, ao invés de crucificar o parceiro acreditando que ele (ou ela) foi vulgar, procure antes refletir e buscar o diálogo calmo. Abra-se para um olhar mais realista, viva seus tempos de digestão do inevitável desconforto, não se torture querendo nomes e detalhes que só farão a dor se transformar em sofrimento e só provocarão constrangimentos a ambos. Se perceber que existe solidez em sua relação, que existem sentimentos bons que alicerçam a história de vocês, permita-se a chance da renovação não apenas da união, mas especialmente de seus conceitos de vida.