Casar por Fuga

19/01/2013 15:33

 

 

Síndrome do “Pode beijar a noiva” - Casar por status ou fuga

 

 
Não sei se vou me casar. Nunca me interessei por casamento porque jamais conheci um homem que correspondesse aos meus anseios. Se aparecer alguém que me interesse, eu me caso. Mas não vou me casar com qualquer um só para satisfazer a sociedade.
 O casamento não é tratado com a seriedade de uma escolha madura . Fazem-se e desfazem-se  com a rapidez ; casa, separa, separa a casa... A volatilidade dos relacionamentos atuais tem o significado que a geração atribui a suas redes sociais. Cansou: deleta. Achou bonito (a): adiciona.
A ruptura do sentido do casamento  estimula  uniões que nao deveriam ter começado . Desde meninas de 15 anos a paixões que terminam na lua de mel, nunca o casamento foi tão banalizado e, – por que não dizer – ultrajado, como nos nossos tempos. Algo que impressiona pela conduta comum e o casamento por fuga ou por status.
 Parece incrível, mas em pleno século XXI, a discriminação para com quem não se casa – especialmente mulheres – é arraigada, a partir de determinada idade. A mulher sente-se na obrigação de constituir  família, mesmo que isso vá contra a sua natureza. Faz com que muitas se joguem em um casamento sem amor, se este lhe oferecer status –  se o noivo possuir um bom carro, posses ou cargos importantes. É como unir o útil ao agradável, uma vez que ela sente que precisa casar – a sociedade, a família, as amigas lhe cobram isso – e o candidato a marido ainda pode lhe satisfazer alguns caprichos e fazê-la bem vista aos olhos alheios.
 
Há também o casamento por “fuga”. Fugir de uma vida vazia, tediosa (consequências da falta de base afetiva), ou fugir de uma existência que já não parece ter graça, como morar com os pais e frequentar a escola. Um casamento pode aparecer como um sonho perfeito, ainda mais quando o namoro decola e a paixão rola solta. Na ilusão dos primeiros meses, os pombinhos até acreditam que serão felizes pra sempre – mas por quanto tempo haveria de durar esse pequeno Éden? Talvez depois de seu segundo filho? Esses sonhos que se tem quando se é jovem, mas mais cedo ou mais tarde se cai na real: a vida não é feita de amanhãs promissores, de crepúsculos encantados . E nada disso, em hipótese nenhuma, quer dizer que não possam existir casamentos felizes. Todavia, é preciso muito mais que festas de casamento hollywoodianas e paixões avassaladoras para garantir isso. E muito mais ainda que carros do ano e viagens de casal. É trabalho. E um compromisso diário, consigo e com o outro. Independente de promessas ao pé do altar, alianças e oficializações (no fundo, nada disso importa de verdade), se casar é escolher alguém pra dividir a vida, pra respeitar, pra deixar o coração bater junto. Mais que status ou paixão, são necessários respeito, confiança, compreensão – e nada disso se constrói em seis meses. Se casar antes de dois anos de namoro é  perigoso – cientificamente, é o tempo que leva para a paixão acabar. Aquilo que não é fundado em bases firmes tem poucas chances de se estabelecer de forma satisfatória. Aí se veem aqueles casais que se separam após um ano de casamento, pois não aguentaram os trancos do dia-a-dia e a paixão acaba ao mesmo tempo em que se conhece a convivência. O inferno.
Tem ainda os casos de “infelicidade perpétua”, pois nem sempre a coragem para se separar vai vir. Há expectativas da família, da sociedade, dos filhos envolvidos, dos bens. Quando não há coragem, tudo é motivo, e assim são arrastados relacionamentos infelizes por anos, sem crescer com a situação nem ter arrojo para dar um basta.
Sair da casa dos pais e se casar  é como “se roubar de si”, pular fases. Acho que todo mundo deveria ter a experiência de morar sozinho: conhecer seus gostos, hábitos; descobrir como se vira em situações X e Y; perceber como gosta e não gosta das coisas, suas reações; resolver pepinos de médio porte, pagar as próprias contas e ser responsável por elas e por si. Sem a interferência de ninguém.  Enfim, morar sozinho por pelo menos uns dois anos antes de casar; ver como é, se se suportaria. É dignificante.
Casar-se é mais que juntar escovas de dentes, é mau humor de manhã, pagar contas com atraso, ceder, teimar, ficar  doente  e desempregado , ver Rede Globo no domingo . Será que você está pronto (a) para dar esse passo tão importante? Boa sorte! Por bem ou por mal, todos aprendemos as bases do respeito pelo próximo e por nós mesmos um dia. Mais cedo ou mais tarde, todos aprendemos que amar a si mesmo é o mais importante e que se unir a outrem deve partir da predisposição de duas almas, e não de dois corpos. Então, que no dia do seu casamento, já tenha aprendido essa lição tão importante do espírito.
Pode beijar a noiva!!