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As sequelas psicológicas dos maus-tratos nos relacionamentos.
28/09/2018 22:46
Os maus-tratos nos relacionamentos são uma experiência esmagadora para qualquer ser humano. Sempre deixam marcas difíceis ou, em alguns casos, impossíveis de apagar. Quando se trata de uma situação de maus-tratos entre um casal, as sequelas psicológicas costumam ser muito profundas, principalmente se o dano vem de alguém a quem se ama.
É conveniente fazer uma diferenciação entre lesão psíquica e maus-tratos psicológicos. A lesão psíquica é o fruto de um ato violento. O conjunto de sensações e emoções que se experimenta imediatamente depois de ser vítima de maus-tratos. As sequelas psicológicas, por sua vez, são as marcas que ficam na mente quando as lesões psíquicas não foram tratadas adequadamente.
Os maus-tratos nos relacionamentos e os que ocorrem na família são os dois tipos de violências que mais impactam a vida de uma pessoa. O laço afetivo é profundo e, por isso mesmo, a situação de maus-tratos tende a se manter durante um longo período de tempo. O pior é que em muitos casos de violência é sutil ou consentida pelo entorno ou pela cultura. Então, sequer se reconhece que há um problema e, por isso, ele se mantém durante décadas.
Os maus-tratos nos relacionamentos
Os maus-tratos nos relacionamentos se manifestam de muitas maneiras. Uma das mais brutais e dolorosas é aquela que envolve a violência física. Porém, também existe um conjunto de condutas de maus-tratos que são de aparência quase invisível diante dos olhos dos outros.
Os maus-tratos de casal se expressam em condutas como as seguintes:
Provocações e ridicularizações frente às carências, a aparência ou as opiniões da pessoa maltratada.
Apontamentos constantes de erros e mensagens para indicar que o outro faz tudo errado, ou que tem defeitos, a todo momento.
Manipulação para fazer o outro se sentir culpado. Atribui a ele o fato de não corresponder às expectativas e castiga com silêncio ou raiva.
Negação da existência de maus-tratos. Se a vítima procura falar sobre o tema, o agressor se nega a dialogar ou não reconhece que seus atos lhe fazem mal.
Isolamento dos amigos e da família. Isso inclui ciúmes, críticas às amizades ou aos familiares, incômodo em relação a encontros sociais, etc.
As sequelas dos maus-tratos nos relacionamentos
Os maus-tratos nos relacionamentos deixam sequelas psicológicas em diferentes âmbitos da vida. As marcas ficam no corpo, na mente e na vida social. Ainda que cada caso seja diferente e cada pessoa reaja de uma forma, as consequências são mais ou menos as mesmas.
As principais sequelas deste tipo de situação são:
Sequelas psicológicas. Têm a ver principalmente com o dano à autoestima. De fato, quem tem pouco amor próprio apresenta um nível maior de risco de cair nas mãos de alguém com más intenções. Aparecem sentimentos de culpa e desamparo, assim como estados de ansiedade e depressão.
Sequelas físicas. As sequelas físicas mais frequentes são os problemas de sono, as alterações digestivas, dores de cabeça, hipertensão e transtornos respiratórios.
Sequelas sociais. O mais comum é que a vítima de maus-tratos se isole. Começa a deixar de ver seus amigos e, depois, sua família, já que se sente indigna e envergonhada.
O que fazer?
Viver uma situação de maus-tratos no relacionamento gera grandes confusões, principalmente no começo. O comum é que comecem a surgir fortes ambiguidades nos sentimentos, nas atitudes e nos pensamentos. A pessoa ama e odeia e, ao mesmo tempo, justifica a conduta do outro.
Nunca é fácil enfrentar o fato de que a pessoa que amamos também é uma fonte de problemas tão graves que, talvez, a única saída seja deixá-la. Tudo isso faz parte da dinâmica perversa dos maus-tratos entre um casal.
O mais difícil para sair deste tipo de situação, que sempre é muito nociva, é dar o primeiro passo. O primeiro passo é aceitar que você está em uma relação em que há maus-tratos. Depois disso, o seguinte é enfrentar o fato de que esta situação não vai desaparecer por si mesma e de que, portanto, é necessário pedir ajuda. O ideal é uma psicoterapia, já que provavelmente estão envolvidos elementos muito profundos.
Em todas estas condutas o ponto em comum é o desejo de controle sobre o parceiro. O malfeitor tenta sempre se impor e anular o outro, e o faz de forma sutil. De fato, não precisa gritar e nem dizer palavras fortes para exercer essas formas de maus-tratos no relacionamento.
É importante ressaltar que para os homens maltratados a situação costuma ser complexa. A sociedade continua sendo muito machista e não é bem visto um homem se deixar maltratar por sua parceira. Assim, costumam esconder o que acontece e inclusive relutam em admitir para si mesmos. Por isso, são um pouco mais propensos a adoecer e desenvolver vícios como resposta à sua dor oculta.
Entender os maus-tratos é muito semelhante a compreender o trauma; poderíamos dizer que são como um assalto, e podem ser vivenciados de diversas maneiras. Podem roubar sua identidade e vida normal e até determinar o seu presente, embora tenham passado muitos anos desde então. O trabalho terapêutico consiste em fazer justiça e impedir que continue a provocar o roubo da vida e da identidade.
Às vezes, as pessoas que vivenciam uma situação crítica não são seriamente afetadas, uma vez que o maior problema na saúde mental é a cronicidade ou a repetição em série de eventos críticos. Nossa disposição e experiência não só desempenham um papel relevante na saúde mental, mas também são importantes em todos os aspectos de nossas vidas.
O essencial é invisível aos olhos, e o abuso psicológico é o que mais gera sofrimento e acompanha os demais abusos sofridos pelas vítimas da violência. Como deixar de estar no lugar onde você acredita que deveria estar? Ser capaz de responder a essa pergunta requer conhecimento sobre o funcionamento do abuso, e ajuda a entender em profundidade o sofrimento e a dificuldade de sair desse tipo de enlace, essencial para evitar colocar rótulos superficiais.
A necessidade de entender os maus-tratos
É na fase final da história de violência que as agressões podem aumentar, já que o agressor pode sentir seu controle ameaçado. Portanto, é essencial discutir, preparar e detalhar planos de segurança para a saída do relacionamento ou para acabar com a violência.
Vamos pensar que apenas metade das mulheres com histórico de violência – que geralmente dura cerca de seis anos – consegue romper o relacionamento depois de uma média entre cinco e oito tentativas. Nestes casos, os recursos humanos (rede social) e financeiros são a chave para poder sair de uma situação de violência crônica.
A sujeição, o terror, a incompetência (intelectual e emocional), a autodesconfiança, o controle e a sensação psicológica interna de sujeira e corrupção (produto do estupro) são a imagem que melhor descreve a vida das vítimas de violência. Se a vítima mantiver seu critério de realidade, poderá acumular pontos de inflexão, e de não retorno, e terminar o relacionamento, caso contrário, irão evoluir outros possíveis padrões de violência.
Entender os maus-tratos é muito semelhante à compreensão do trauma, e ajuda a mudar de forma positiva a narração do evento.
A violência nas relações íntimas
A porcentagem de mulheres feridas por seus parceiros é equivalente a de mulheres feridas em acidentes de trânsito, assaltos ou agressões sexuais. Aproximadamente metade das agressões causam lesões físicas, mas apenas 4 de cada 10 procuram assistência médica (Fisher, 2001).
Dizem que as palavras se espalham ao longo do tempo, mas em termos de saúde mental as mensagens que são transmitidas são extremamente importantes para aqueles que as recebem. Entender os maus-tratos a partir de uma visão funcional adaptativa pode ajudar muito a modificar positivamente a narração do evento.
Tipos de violência nos relacionamentos íntimos
Violência física no controle coercitivo
Em sua intenção de compreender o abuso, Stark (2007) comparou o medo, o embotamento afetivo, as dificuldades para dormir e se concentrar nas vítimas submetidas à violência física e/ou ao controle coercitivo, sendo significativamente superiores no controle coercitivo. Poderíamos dizer que existem diferentes trajetórias de violência física: quebrar ossos, estrangular, prender, atacar com armas, atirar objetos são alguns exemplos das diferentes estratégias desse tipo de violência.
Violência emocional ou psicológica
A violência emocional é muito sutil e pode chegar a ser mais prejudicial do que os golpes físicos. As vítimas podem se sentir intelectualmente incompetentes, pensar que estão loucas ou que são indignas de serem amadas ou incapazes de amar. As formas mais comuns de exercer a violência psicológica e/ou emocional são:
Distanciamento afetivo.
Ciúmes.
Negação de direitos à vítima.
Humilhação.
Crítica constante e global.
Insultos.
Coerção da liberdade (intelectual, trabalhista, social…).
Destruir pertences ou memórias.
Ameaças (de morte, suicídio, abandono…).
Outros tipos de violência
A violência pode devastar até mesmo o mais recôndito do “eu”, como a confiança nos próprios critérios. Existem outros tipos de violência que também são exercidas dentro dos relacionamentos íntimos:
Violência sexual: se refere aos atos não consentidos ou sob coação relacionados a práticas sexuais que degradam a vítima.
Violência financeira: implica ações injustas relacionadas com a gestão econômica da vítima (roubar, obrigar, arruinar, submeter,…).
Violência espiritual: pode variar entre atacar e/ou rir, até proibir suas práticas e crenças religiosas.
Por que é tão difícil sair de uma situação de abuso?
Como vimos, o abuso pode ter diferentes trajetórias, mas a maneira como a violência é construída dentro dos relacionamentos íntimos constitui um círculo vicioso do qual é muito difícil sair. As etapas que conduzem o caminho pelo qual a violência anda são os seguintes:
Contrato irrealizável: o agressor pede à vítima algo que não pode realizar.
Complementaridade: cessação da disputa, arrependimento, perdão.
Repetição das etapas anteriores.
Como em todas as crises, há momentos de estabilidade, de melhora, de deterioração acelerada e/ou regressão. Mas não devemos esquecer que os processos de recuperação e reconstrução são possíveis e que ambos aceleram e coexistem com a ruptura. A violência por si só transmite mensagens muito poderosas e destrutivas, por isso o trabalho com as vítimas de violência visa empoderá-las, “Você sim, a violência não” porque “Somente os vivos podem fazer psicoterapia“.
Felizmente, estamos cada vez mais conscientes das inúmeras consequências dos maus-tratos no relacionamento. Podemos destacar não só o dano físico e o perigo real de morte para as mulheres, mas também os danos psicológicos.
Os danos psicológicos não afetam somente as mulheres. É importante ter consciência de que as crianças também sofrem. Elas são testemunhas silenciosas de uma situação incontrolável e cheia de violência, pelas quais muitas vezes se sentem responsáveis… Mas como isso as afeta a nível psicológico?
“Qualquer comportamento destinado a controlar e subjugar outro ser humano recorrendo ao medo e humilhação, através de ataques físicos ou verbais, é abuso”. – Susan Forward –
As consequências dos maus-tratos no relacionamento sobre o apego dos filhos
Quando uma criança nasce, ela tem várias necessidades, como proteção, amor parental, estabilidade ou socialização. Se isto for suprido de forma adequada e consistente, a criança desenvolve a sua confiança no cuidado dos seus pais, além de acreditar que são merecedoras deles.
Se houver uma situação de abuso no relacionamento, todas essas necessidades não serão supridas. É muito difícil que nessas circunstâncias as crianças tenham segurança no cuidado, comunicação e um relacionamento saudável com a sua figura de apego. Esse adulto não está disponível emocionalmente e não pode oferecer soluções e carinho. Em vez disso, geralmente é uma fonte de emoções negativas.
Na verdade, esses mesmos adultos que deveriam ser o lugar seguro onde as crianças buscam consolo quando se sentem mal e o centro para explorar o mundo, lhes transmitem um medo indescritível. Estão aterrorizadas na sua própria casa, gritam e choram sem consolo.
Portanto, é mais provável que as crianças desenvolvam nessas situações de abuso no relacionamento um apego inseguro ou evitativo. Na verdade, está comprovado que as mães que sofrem abusos podem apresentar representações mais negativas dos seus bebês e de si mesmas como mães e, em consequência disso, sofrer de depressão perinatal.
Como os maus-tratos condicionam o desenvolvimento das crianças?
Os maus-tratos no relacionamento não prejudicam somente o desenvolvimento de um apego seguro, tão importante para o bem-estar da criança. Também afetam o desenvolvimento psicológico delas. Como podemos perceber, estar exposto desde uma idade precoce a tudo isso influencia o bem-estar emocional e social das crianças.
Por um lado, podem surgir os problemas de identificação e regulação emocional. As crianças se sentem culpadas pela situação que vivem, e podem aparecer problemas de ansiedade, mesmo que não entendam o que sentem ou o porquê. Além disso, elas tentam evitar e reprimir essas emoções, o que faz com que elas se tornem crônicas.
Por outro lado, foram encontrados problemas significativos de autoestima e no desenvolvimento da autoimagem. Não se esqueça de que essas crianças também tendem a ter problemas comportamentais nas suas relações com colegas e com outros adultos.
“A violência cria mais problemas sociais do que resolve”. – Isaac Asimov –
Os maus-tratos no relacionamento e o transtorno de estresse pós-traumático nos filhos
As crianças expostas a situações de abuso podem desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático. Mas como é esse transtorno em crianças? Assim como em outros problemas de saúde (físicos e mentais), os sintomas associados às doenças não são os mesmos que os adultos apresentam.
Na verdade, tem-se observado que as crianças têm reexperimentações do evento traumático, memórias repetidas do que já vivenciaram, pesadelos, flashbacks, dissociações ou desconforto ao lembrar do ocorrido.
Podemos observar também um certo retraimento na aquisição de responsabilidades, ou seja, podemos observar um distanciamento social, perda de habilidades que já haviam adquirido, uma diminuição das brincadeiras, uma redução da experiência e expressão emocional.
Finalmente, pode haver um aumento na agitação que traz dificuldades para adormecer, hipervigilância, diminuição ou excesso da concentração, ou respostas de sobressalto. É importante, para o bem das crianças, que elas façam terapia com psicólogos qualificados, uma vez que as consequências de viver situações de maus-tratos indiretos são desastrosas para elas… Precisamos ajudá-las!
“Diante das atrocidades, temos que tomar partido. O silêncio estimula o algoz”. – Elie Wiesel –
Infelizmente, os maus-tratos estão muito presentes no nosso dia a dia.Recebemos notícias constantes de mulheres assassinadas pelas mãos de seus parceiros ou ex-parceiros. Em alguns casos, o agressor a encontrou, mesmo que não estivessem juntos. Mas também há vezes em que a vítima se encontra com essa pessoa diversas vezes, ou pode ser que nunca tenha deixado o relacionamento. Afinal, por que é tão difícil escapar de uma situação de maus-tratos?
Isso é difícil de entender para muitas pessoas. É normal ouvir: “Se te faz tão mal, por que você volta ou continua com isso?” A realidade não é tão simples. Não quer dizer que essas mulheres sejam culpadas, mas que se envolveram em uma série de processos que tornaram difícil escapar dessa situação de abuso… Continue lendo para entender e assim poder ajudá-las melhor!
“Esse desejo irracional pelo domínio, controle e poder sobre a outra pessoa é a principal força que alimenta a violência doméstica entre os casais.” -Luis Rojas Marcos-
A dependência emocional no abuso
Em um relacionamento, o normal é se sentir amado pela outra pessoa. Então, como poderíamos definir a dependência emocional? Esta seria uma necessidade extrema de afeto por parte do casal que alimenta pensamentos obsessivos sobre a outra pessoa e constantes sentimentos de abandono, o que faria a pessoa se comportar de forma submissa para não perder o seu amado.
Assim, se prioriza o parceiro sobre qualquer coisa ou pessoa (inclusive sobre si mesma), o idealizando. Desta forma, se destacam as qualidades favoráveis que tenha (mesmo que sejam poucas) e se oculta ou dissimula a crueldade e agressividade que manifestar. Além disso, se assumem as crenças do agressor de que ele é superior no relacionamento.
A isso se adiciona o medo do rompimento. Isso cria uma ansiedade de separação que faz com que a vítima acredite que o pior que pode acontecer com ela é que o relacionamento termine e ela fique sozinha, então fará qualquer coisa para que isso não aconteça. Tudo o que foi mencionado é aumentado, uma vez que o abuso é constante, por períodos em que o agressor se arrepende e é agradável para tentar “compensar” o dano causado.
“Tememos a violência menos do que os nossos próprios sentimentos. A dor pessoal, privada e solitária é mais aterrorizante do que qualquer pessoa pode infligir.” -Jim Morrison-
Assim, as vítimas nesta situação podem chegar a culpar a si mesmas pelas agressões que recebem. Em um esquema de pensamento no qual assumem que seu parceiro é amável e afetuoso, não é possível que este se comporte de maneira violenta, de modo que quando isso ocorre, procuram uma causa e, geralmente, apontam para elas. Desta forma, elas não se veem como vítimas, mas como culpadas ou responsáveis.
Assim, se estabelece um relacionamento no qual acontecem agressões que causam terror e medo, e bons momentos que geram uma sensação de alívio. Neste contraste, o normal é que a vítima faça todo o possível para que predominem os segundos momentos, embora no caminho, pouco a pouco, vá enterrando a si mesma.
Outros fatores que fazem com que seja difícil escapar de uma situação de maus-tratos
Em tudo o que foi falado até agora pode ser identificado outro fator que faz com que a vítima não consiga escapar de uma situação de maus-tratos: a baixa autoestima. Ela vê a si mesma como uma pessoa que não é capaz de fazer as coisas bem ou de se defender. Além disso, é algo que o agressor continua lhe repetindo. “Você não serve para nada” é uma frase comum quando ele exerce violência verbal.
Mas não exerce somente a violência física ou psicológica contra a vítima, também é comum tirar a vítima de seu apoio social. Este isolamento da vítima, que tanto favorece os interesses do agressor, faz com que sua dependência seja mantida ou mesmo aumentada. O objetivo final desta estratégia é que a vítima não tenha com quem falar ou para quem pedir ajuda.
Neste horizonte, encontramos o desamparo aprendido. A vítima vai perdendo gradualmente grande parte de seu poder e liberdade, e acaba percebendo que não há nada que possa fazer para mudar. Assim, o desespero reina em sua vida e ela não vê nenhuma saída possível. Por isso é tão difícil escapar de uma situação de maus-tratos.
“É abuso qualquer comportamento destinado a controlar e subjugar outro ser humano através do uso do medo e da humilhação, e utilizando ataques físicos ou verbais.” -Susan Forward-
Os maus-tratos são situações que podem surgir de diversas formasem nosso dia a dia. Talvez venham de seu companheiro, um amigo ou um colega de trabalho, alguém que não saiba lidar com você sem machucá-lo.
Isso é algo que você pode evitar, porque não é fácil maltratar algumas pessoas. Os agressores escolhem aquelas mais “frágeis”, mais inseguras e que não sabem responder quando estão em uma situação que foge do seu controle.
“Os maus-tratos são descritos com palavras como submissão, humilhação, domínio, medo, escravidão.”
-Juan Antonio Cobo Plana-
Quer aprender a responder ou reagir diante uma situação de maus-tratos? Quer pôr um fim, mas tem medo? Não se submeta a isso, não aceite o que não quer. Hoje é o dia de evitar os maus-tratos.
Conselhos para evitar os maus-tratos
1. Responda corretamente
Uma resposta adequada pode evitar que essa pessoa siga machucando-o, mas como você pode fazer isso? Nem sempre temos a coragem necessária, mas é preciso encontrar forças, de onde quer que seja, e saber responder.
Às vezes permitimos que nos maltratem (da forma que seja) porque nossa maneira de agir não é a mais correta. Responda corretamente dessas duas maneiras: A primeira forma de responder é usar frases de encerramento, frases curtas, concisas e breves que vão acompanhadas de uma firmeza e segurança palpáveis, por exemplo:
Desculpe, as cinco tenho que ir.
Hoje não posso, desculpe.
Tenho outras prioridades no momento.
O que você disse é muito interessante, vou refletir sobre o tema.
Gostaria de pensar sobre isso.
Algumas podem parecer um pouco limitantes, mas se queremos evitar que nos maltratem de uma ou de outra maneira, temos muitas vezes que mudar nossa posição amável para uma mais firme.
A segunda forma de responder é fazê-lo como um disco arranhado. A força decorrente de repetirmos a mesma coisa continuamente fará com que o outro seja consciente da nossa posição, e assim reafirmaremos o que realmente não queremos que se repita.
2. Proteja seu senso de humor
Ninguém tem o direito de apagar um sorriso. Ainda que esteja em uma situação difícil, levante-se com um sorriso; isso irá ajudá-lo a não dar importância ao que os outros possam dizer. A chave está em conhecer a si mesmo. Saber no que você é bom e no que não é, quais são seus pontos fortes e quais os fracos, saber do que precisa, mas também o que você possui.
Se você está seguro de si mesmo, ninguém poderá rebaixá-lo. Qualquer palavra ou comentário maldoso que podem dizer passará como se nada tivesse acontecido. Você sabe quem é, ninguém deve defini-lo!Sorria diante das coisas que podem lhe dizer com o objetivo de humilhar ou rebaixar. Você sabe a verdade. Eles também sabem, mas tentam feri-lo independentemente disso.
“A melhor forma de vencer as dificuldades é atacando-as com um magnífico sorriso.”
-Robert Baden-Powell-
3. Diga o que sente
Por que você fica calado quando tem tanta vontade de dizer o que sente? Por que tem medo? O medo, além de nos dominar, faz com que não digamos o que pensamos. Provavelmente você sente medo de que possam feri-lo, mas não tenha dúvida de que dizer o que pensa é o certo. Aprenda a dizer o que sente, aprenda a se expressar. Isso fará você mais forte e evitará que o machuquem.
Se você não está gostando do tom de voz que estão usando com você, diga! Se não gosta de como estão agindo, apenas diga! O que há de errado nisso? Aprenda a se expressar. Se os outros têm a ousadia de atacá-lo, você tem todo o direito de se defender.
4. Pergunte, não afirme!
Quando alguém que maltrata nos diz algo, somente ficamos calados. Dessa maneira, estamos afirmando o que estão dizendo, ainda que não concordemos com eles. O silêncio, nesses casos, vai contra nós.
Por isso, hoje você deve aprender a questionar o que lhe dizem, fazendo com que o agressor tenha que ampliar seus argumentos. Mas, sabe de uma coisa? Você não vai conseguir fazer isso direito. O agressor responderá que “porque sim”, mas você deve forçar a situação e fazer com que ele argumente, pois não tem sentido.
Desta forma, não se humilhe, não se dê por vencido. Fique no mesmo nível dessa pessoa, permitindo que explique algo que não pode explicar. Assim você saberá que ela não tem razão e, portanto, não poderá lhe causar danos.
5. Desarme seu agressor
Quer saber como você pode desarmar a pessoa que o maltrata? É simples, você só tem que fazer um bloqueio e saber como não responder. Vimos uma dessas coisas anteriormente, mas existem muitas mais:
Convide-a a refletir para mostrar que ela não tem razão.
Use palavras monossilábicas que impeçam que você entre no jogo dela.
Fale em tom baixo e devagar, pois se ela já está gritando, não é preciso fazer o mesmo. Mostre-se tranquilo.
Aborreça-a! Da maneira que for, responda como se você fosse um papagaio.
Responda-a com um “e?”.
O que acontece quando agimos assim? Elas nos deixam em paz. Se quando nos dizem “essas cores não combinam, está horrível!” respondemos com um “e?”, o agressor se chocará contra um muro. Lembre-se de que essas pessoas se alimentam da sua submissão.
Livre-se dos maus-tratos! Não importa o que lhe dizem ou como dizem. Não importa como o definem. Você sabe quem é e deve se defender.
O agressor é uma pessoa insegura que acredita se sentir segura humilhando os demais. Não permita isso. Em você reside a opção de que o maltratem ou não, seja em uma relação amorosa, na escola ou no trabalho.
Imagens por cortesia de Angela Carte, Gustav Klimt.
Imagens cortesia de Peter Forster e Elijah Henderson.
Imagens cortesia de Misael Nevarez, Volkan Olmez e Xavier Sotomayor.
Referências bibliográficas
Navarro Góngora, J. (2015). Violência nos relacionamentos íntimos. Uma perspectiva clínica. Barcelona: Ed. Herder
Desejo com os nossos trabalhos suscitar os valores essencias e positivos do ser humano. Favorecendo a renovação integral do ser, dentro de uma visão sistêmica.
Atuo como elemento catalisador, para ajudar no despertar do Grande Herói que existe em cada indivíduo.