3 tipos de dependência emocional
A dependência emocional é uma condição complexa. Em geral não obedece a um único fator, mas para que se apresenta e mantenha, são necessários diferentes aspectos. Além disso, em muitos casos, nem sequer se trata de uma realidade consciente. Pelo contrário, o dependente emocional acha que os problemas decorrentes da sua dependência têm uma origem diferente e, muitas vezes, externa.
Por trás da dependência muitas vezes existe um medo extremo. Há também muitas fantasias em torno da própria capacidade ou do lugar que se ocupa no mundo. O dependente sente, sem nenhuma evidência para apoiar, que se rompesse ou faltasse com determinados laços estaria correndo um grave perigo.
Este tipo de dependência é semelhante à vivida por um viciado. Como tal, ela também carrega uma síndrome de abstinência. Surgem episódios de ansiedade e depressão quando, por alguma razão, o vínculo é interrompido ou enfraquecido momentaneamente. A própria existência pode ser experimentada como insuportável sem essa ligação.
Dependência emocional:
1. Identifique a dependência afetiva
Um primeiro aspecto que devemos levam em consideração é o seguinte: a dependência emocional vai além dos relacionamentos. Frequentemente isso também é evidenciado com outros vínculos sociais: amigos, colegas, familiares e pessoas ao redor. Em geral, essa é uma situação que pode se estender a quase qualquer área.
Muitas vezes, pode levar longos períodos para percebermos, de meses e até muitos anos. Por que descobrimos tão tarde? Porque durante esse caminho, muitas vezes perdemos a nossa autossuficiência emocional. Estamos subordinados ao outro a ponto de não pensar ou agir por nós mesmos.
Intuir essa realidade psicológica será, sem dúvida, o primeiro passo para eliminar a dependência emocional. Para isso é necessário considerar o seguinte:
Como são as pessoas dependentes?
Para avaliar se temos a tendência de estabelecer relações de dependência com outras pessoas, podemos observar as seguintes características:
- A sua felicidade está centrada em uma única pessoa: você não gosta de nada além de estar com quem ama.
 - Sua alegria depende de como os outros o tratam.
 - Você evita a todo custo ter uma opinião contrária para evitar confrontos.
 - Coloca o desejo dos outros antes do seu.
 - Só está bem consigo mesmo quando percebe que é amado.
 - Tem medo de perder esse amor ou as pessoas que você ama.
 - Cai facilmente em chantagens emocionais.
 - Prefere sofrer a deixar a pessoa com quem mantém o relacionamento.
 - Sentimentos de culpa: se a outra parte não se sente feliz ou satisfeita, o dependente sofre desconforto e culpa.
 - Quer ter o controle da vida do outro para ter certeza de que não vai perdê-lo: você se torna uma espécie de espião para acompanhar até as conversas que o parceiro tem com outras pessoas, e deixa de viver a sua vida para seguir a do outro.
 - Existe uma tendência clara para o isolamento social: ou seja, você só quer estar com a pessoa amada.
 - O relacionamento gera ansiedade: a pessoa nunca é feliz porque sempre quer mais e, acima de tudo, teme que a deixem (o que seria uma catástrofe), porque não consegue imaginar a vida sem o outro.
 
Todos nós gostaríamos de ter alguém especial em nossa vida. O que diferencia uma pessoa não dependente é que, quando está sozinha, ela pode ter momentos de melancolia, mas isso não a impede de continuar desfrutando de outras áreas de sua vida.

2. Faça uma lista de coisas que te prejudicam e satisfazem
Uma vez que a existência do problema já foi reconhecida, e estamos convencidos da necessidade de eliminar a dependência emocional, devemos dar um segundo passo: fazer uma lista de coisas que já fizemos por alguém e que de uma forma ou de outra nos prejudicaram. Não estamos nos referindo às ações que fizemos pelo outro com base no amor; mas no que fizemos mesmo sabendo que não era o que queríamos, não desejávamos ou não nos beneficiava naquele momento.
Lembre-se de que uma pessoa dependente não olha para o próprio bem-estar pessoal, mas para o da outra pessoa para não perdê-la.
Se você deseja mudar e eliminar a dependência emocional de sua vida, a primeira coisa a fazer é pensar em si mesmo.
Que coisas a outra pessoa tinha que te prejudicaram? O que você fez pelo outro que te machucou? Você negligenciou amigos, família, atividades, estudos, desenvolvimento pessoal, etc…? Você foi tratado com o respeito que merece?
Nestes casos, é importante estar atento ao sofrimento que vivemos. Tudo o que é deixado ou relegado tem um custo. Todo tempo investido é de qualidade de vida perdida. Reflita sobre isso.
3. Fortaleça a sua autoestima
Como vimos, o fator principal em qualquer dependência emocional é a baixa autoestima. Existem muitas opções para podermos reforçá-la. A questão é dar a importância que ela merece e recuperar esse tendão psicológico indispensável.
A seguir mostramos algumas dicas para conseguir isso:
- Comece a decidir por si mesmo.
 - Lembre-se de suas realizações anteriores, seus sucessos.
 - Não se compare, não busque a aprovação de outras pessoas.
 - Comece novos projetos, conheça novas pessoas. Experimente, anime-se.
 - Trabalhe na sua assertividade. Diga “sim” sem medo e “não” sem culpa.
 - Assuma a responsabilidade pela sua vida e felicidade.
 - Conheça a si mesmo, explore suas necessidades e desejos.
 - Cure as suas feridas.
 

“A maioria dos medos de ser rejeitado se baseia em querer ser aprovado por outras pessoas. Não baseie sua autoestima nas opiniões delas”.
-Harvey Mackay-
4. Reconcilie-se com o seu eu passado
Como um complemento à etapa anterior, é essencial que você deixe o passado de lado e se concentre nas mudanças que está experimentando no presente. No entanto, tenha em mente que a única maneira de soltar o passado é nos reconciliando com ele, ou seja, aprendendo a reconhecê-lo como um momento da nossa vida que nos deixou lições valiosas e nos ajudou a ser a pessoa que somos hoje.
Da mesma forma, tente ser gentil com o seu eu do passado, e não julgue as ações dele com base nos critérios que você tem atualmente. Se algo na sua história pessoal parece um erro à luz do presente, é precisamente porque essas experiências te tornaram mais forte e mais sábio. Perdoe-se e agradeça a si mesmo por tudo o que foi vivido.
5. Aprenda a ficar sozinho
A vida é mais bonita com amor, mas ele chega de maneira saudável quando nos sentimos bem conosco. Não podemos ter um relacionamento saudável se não tivermos nos desenvolvido como pessoas antes. Portanto, para eliminar a dependência emocional, é necessário aprender a ficar sozinho. Nos divertir. Entender e compreender a nós mesmos. Mergulhar em como somos, o que queremos ou não.
Quando você ama a si mesmo e não precisa dos outros, é quando está preparado para amar de maneira saudável.
Todos nós gostaríamos de ter um parceiro ideal, pessoas para amar. Mas “necessidade” é uma coisa e “desejo” é outra bem diferente. Quando precisamos, não funciona; se precisamos ter alguém ao nosso lado para nos sentirmos bem, é muito provável que o relacionamento não se desenvolva de forma saudável.
É preciso aprender a aproveitar a vida sem um parceiro. Existem inúmeras coisas a serem feitas, como descobrir e desenvolver nossas habilidades, construir nosso futuro, dedicar tempo à prática de hobbies, fazer amizade com pessoas interessantes, viajar, curtir as pequenas coisas. E acima de tudo, cuidar de nós mesmos e nos amar como merecemos.
6. Reconheça se você precisar de ajuda
Finalmente, se você trabalhou em todas as etapas anteriores, mas sente que ainda tem dificuldade em se conectar com outras pessoas de maneira mais saudável e independente, é importante reconhecer isso e buscar ajuda profissional. Um bom acompanhamento terapêutico pode ajudá-lo a rastrear a maneira como certos marcos da sua história pessoal têm alimentado a sua dependência afetiva. Além disso, um profissional da psicologia pode apontar diferentes estratégias para fortalecer sua a autoestima, autoconfiança e assertividade.
Eliminar a dependência emocional é preservar a nossa autossuficiência, é investir em dignidade e bem-estar.
Quem sofre, sem dúvidas, sofre muito. Podemos falar sobre três tipos básicos de dependência emocional, e eles são os seguintes.
Dependência emocional na família
É uma das maneiras de dependência emocional mais difíceis de contornar. Geralmente corresponde a estruturas familiares onde os pais sofrem de severos estados de ansiedade e os transmitem aos seus filhos. Estes últimos são educados com um medo excessivo do mundo. O externo é visto como uma ameaça, e a família como um refúgio.

Aqueles com este tipo de dependência supervalorizam a proteção oferecida pela família. Embora existam muitas vezes laços afetivos e grandes gestos de solidariedade, também é verdade que há traços prejudiciais. Entre eles se destaca essa ideia repetida de que no que se refere aos riscos, quanto mais longe, melhor.
Nesse tipo de família a autoconfiança não é incentivada. Por outro lado, no fundo é promovida a crença de que a pessoa será incapaz de enfrentar os grandes desafios. Desse modo, a família torna-se uma espécie de bolha que protege, mas que também aprisiona. Basicamente trata-se de uma maneira errada de superar a ansiedade. É também uma resposta equivocada diante a necessidade de crescer e tornar-se autônomo.
Dependência emocional no casal
Esse tipo de dependência é um dos mais frequentes. É também um dos mais prejudiciais. Parte de uma crença equivocada. Nela supõe-se que o casal dá sentido à própria vida ou protege de uma terrível solidão. Por isso o casal se transforma no eixo da própria vida.

Esse tipo de dependência é típico das pessoas que carregam grandes incertezas. Elas não têm certeza do que são capazes de fazer e o que não. Na verdade, elas supõem que são muito impotentes. Por isso, precisam do apoio para viver e esse apoio seria o seu parceiro. Isto se transforma em uma espécie de escudo protetor contra o sofrimento ou medo. Por isso é desenvolvido um forte apego no casal.
Embora esse tipo de dependência possa funcionar por um tempo, a verdade é que mais cedo ou mais tarde causa grandes sofrimentos. O dependente tem tanto medo de perder seu parceiro que pode desenvolver comportamentos extremamente nocivos. Entre eles podemos destacar o ciúme excessivo ou a submissão sem limite. Assim, a dependência deteriora a relação ao invés de torná-la mais forte.
Dependência no meio social
O traço mais característico desta condição é a necessidade excessiva de ser reconhecido e aprovado em qualquer ambiente. Se o meio não mostra sinais de franca avaliação e aceitação, o indivíduo entra em pânico. Além disso, vai fazer o que for necessário para atingir essa aparente compensação psicológica. Sentir-se rejeitado, a partir da sua perspectiva, equivale a que aconteça aquilo de pior que poderia acontecer.
Para obter aprovação, uma pessoa pode tornar-se servil ou invisível. No primeiro caso, o dependente se sente obrigado a agradar aos outros, passando até mesmo sobre si próprio. Será capaz de fazer qualquer sacrifício a fim de não ter que enfrentar uma rejeição ou um confronto. No segundo caso, a pessoa pode desistir de suas convicções para não ter de entrar em conflito com seu entorno. Em ambos os casos, a situação é completamente prejudicial.

Tanto no caso da dependência familiar, como na do casal ou do ambiente social, o que reside no fundo é uma baixa autoestima. Acima de tudo, não há nenhuma consciência sobre o que você é capaz de fazer. Começa a partir da ideia de que se tem pouco valor e é inferior ou menos competente que os outros para ordenar a vida.
Todas essas falsas crenças se traduzem em medo e ansiedade. E como acontece com todo medo, como todos os medos injustificados que todos nós acumulamos, a melhor maneira de superá-lo é confrontando-o. Talvez você só precise dar o primeiro passo. Atreva-se a caminhar sozinho. Arrisque sair da sua zona de conforto. A autoconfiança não é construída da noite para o dia, mas uma coisa é certa: se você construi-la, longe de “dependências”, ela será muito mais forte.
Imagens cortesia de Catrin Welz-Stein.
                        


