O que fazer para combater o pensamento obsessivo?

01/10/2018 12:18

Nossa sociedade, ou ao menos boa parte dela, valoriza e reforça estilos de comportamento que favorecem a dedicação ao trabalho e os resultados altamente produtivos. Qualidades como ser perfeccionista, minucioso, organizado e competente são muito valorizadas no entorno profissional, e as pessoas que as representam costumam ascender e ocupar postos de responsabilidade em seus empregos. Que relação isso tem com o transtorno de personalidade obsessiva?

Os indivíduos com um estilo obsessivo costumam estar muito bem representados nessas características. Eles esbanjam capacidade de trabalho, gostam de fazer as coisas da melhor forma possível. São pouco amigos do lazer, já que em seus esquemas de pensamento uma folga e a diversão significam uma perda de tempo produtivo, de progressos.

 

Características das pessoas obsessivas

As pessoas com transtorno de personalidade obsessiva costumam medir o grau de satisfação do seu comportamento em função de seus esquemas e valores, antes de se fixar no resultado obtido com uma certa maneira de agir. Pode ser o ambientalista contra a poluição, o vizinho contra o barulho, o motorista que respeita e faz respeitar as normas de trânsito, etc. Essas pessoas raramente deixam livres os seus instintos ou suas reações mais imediatas. Nesse sentido, a maioria das respostas que oferecem são o produto de um processo de reflexão profundo. São pouco amantes do risco e planejam, organizam, classificam e arrumam o que está ao seu alcance.

Você pode passar a vida inteira em busca da flor perfeita, e sabe por quê? Porque todas as flores são perfeitas.

Guardam uma grande quantidade de objetos que, apesar de muitas vezes serem inúteis, respondem ao seguinte pensamento: “Quem sabe um dia posso precisar”. Costumam dedicar menos tempo às relações familiares, interpessoais ou sociais em geral. No entanto, costumam cuidar para que as pessoas que amam tenham as necessidades básicas asseguradas e não tenham que se preocupar com isso.

Quando as características da personalidade obsessiva são levadas ao extremo, elas vão desembocar em condutas desadaptativas que fazem com que muitos de seus comportamentos se transformem em ineficazes e ineficientes. Se, além do mais, perturbam de forma significativa o funcionamento do próprio indivíduo na sua vida cotidiana, então estamos falando de um transtorno de personalidade obsessiva (ou transtorno obsessivo da personalidade).

Homem cortando grama milimetricamente

 

Estilo obsessivo-compulsivo da personalidade: o tipo perfeccionista

A diferença entre o estilo da personalidade perfeccionista e o transtorno de personalidade obsessiva está na gravidade dos sintomas que os caracterizam. As pessoas com um transtorno de personalidade obsessiva são tão meticulosas que chegam a ser ineficazes no plano profissional e pessoal.

Quando este perfeccionismo interfere na vida diária do indivíduo, podemos falar de transtorno de personalidade obsessiva. Por outro lado, um estilo de personalidade perfeccionista é, inclusive, valorizado pelas sociedades ocidentais. Pensemos que, nessas sociedades, dá-se prioridade a valores como a individualidade, a competência e a promoção profissional.

Mais comum em sociedades desenvolvidas

O estilo da personalidade obsessiva parece ser mais comum em sociedades desenvolvidas, caracterizadas por uma vida organizada e disciplinada. Aquelas pessoas que tentam ocupar um lugar importante na sociedade são favorecidas por características como a eficiência, a pontualidade, a perseverança, o trabalho duro e a meticulosidade.

Passam muitas horas no escritório para terminar um projeto ou se esforçam para eliminar o menor erro em uma tarefa, e são recompensados no âmbito profissional. Muitas dessas pessoas podem se transformar em altos executivos. Assim, em termos gerais, a nível empresarial entende-se que, quanto mais um funcionário trabalhar, melhor para a empresa.

Um homem sem defeitos é um tonto ou um hipócrita do qual devemos desconfiar.

Mulher com personalidade obsessiva

 

Transtorno de personalidade obsessiva e autodisciplina

O estilo obsessivo da personalidade tem uma grande autodisciplina. É regido pelo intelecto e não por outras emoções. Além do mais, costuma ser reservado e pouco efusivo.

É propenso ao estresse, sendo difícil para eles relaxarem ou desfrutarem do prazer. Ter tempo livre sem atividades planejadas pode deixá-los mais nervosos do que uma agenda cheia de assuntos pendentes.

O transtorno de personalidade obsessiva e as relações

Com respeito à vida em casal, estes indivíduos costumam ser bons companheiros, sendo fiéis, responsáveis, e cuidando muito bem de seus parceiros sentimentais. Mesmo assim, eles fazem isso de maneira pouco romântica e manifestam pouco as suas emoções. São, fundamentalmente, práticos.

Devido à essa atitude reservada no plano emocional, formam bons casais com pessoas do tipo histriônico (é o mais efusivo e exagerado dos estilos de personalidade). Os obsessivos são atraídos pelos histriônicos como companheiros sentimentais porque eles lhes fazem sentir mais ativos e vivos. Ao mesmo tempo, o histriônico pode se sentir atraído pelo obsessivo porque ele lhe proporciona a estabilidade necessária.

O obsessivo também costuma combinar bem com os estilos antissocial, evitativo, dependente e autodestrutivo. Pelo contrário, não parece ter boas relações com indivíduos com o seu mesmo tipo de personalidade, tampouco com os estilos narcisista, paranoide ou sádico.

Casal discutindo em restaurante

 

Como se relacionar com alguém obsessivo?

Na hora de interagir com pessoas diagnosticadas com um transtorno de personalidade obsessiva, Oldham e Morris (1995) sugerem alguns comportamentos para que a relação seja mais afável. Recomendamenfrentar a relação com bom humor e tolerância, permitindo que o obsessivo continue com os seus hábitos. Ser flexíveis, permitindo que eles atuem de maneira habitual, sempre e quando esta forma de agir não termine criando neles uma sensação de mal-estar que se volte contra eles.

Não devemos esperar que o obsessivo mude. Diante da sua rejeição pela novidade, deverá ser outra pessoa a que proponha as mudanças. Por outro lado, as poucas amostras de afeto que eles exteriorizam podem provocar o desânimo em outras pessoas. É preciso ter em conta que é só uma questão de falta de manifestação, em nenhum caso significa ausência de sentimentos ou a existência de sentimentos menos intensos.

Cada um sempre está tentando que as coisas saiam perfeitas na arte, porque conseguir isso na vida é muito difícil.

As lutas de poder não são eficazes com as pessoas com transtorno de personalidade obsessiva, porque elas são muito hábeis para argumentar suas razões. Recomenda-se escutar e tentar compreendê-las. Por outro lado, com o companheiro sentimental, o obsessivo provavelmente vai se encarregar dos detalhes da vida em comum e se posicionar como ponto de equilíbrio para a estabilidade da relação. É conveniente lembrar-lhes com frequência de que são pessoas muito importantes para o seu entorno social.

Como já vimos, o transtorno da personalidade obsessiva se caracteriza, fundamentalmente, pelo perfeccionismo, a dedicação excessiva ao trabalho, a rigidez e a incapacidade para se desfazer de objetos inúteis. O relacionamento com esse tipo de pessoa pode ser complicado se não considerarmos os pontos anteriormente mencionados.

Saiba como combater o pensamento obsessivo, que afeta 1 em cada 50 pessoas e é um dos problemas psicológicos mais ocultados por aqueles que sofrem com ele. O pensamento obsessivo consiste em ficar viciado em uma ideia e não ser capaz de se desfazer dela.Geralmente os pensamentos obsessivocausam preocupação e uma inquietação irracional e absurda. Tudo isso provoca um sofrimento desnecessário.

Todos nós já tivemos um péssimo dia, uma discussão ou situação que acaba nos aborrecendo o dia inteiro. Situações que fazem com que passemos o dia todo pensando nelas, e em como poderíamos ter agido ou reagido de outra forma. Por mais que queiramos, não conseguimos parar de pensar nelas. Apesar de não poder mudar nada, a mente não para de rever o que aconteceu e tudo acaba se transformando em um “quero parar, mas não consigo”. Estes são os pensamentos obsessivos.

 

O pensamento obsessivo como problema psicológico

Todos nós temos algum pensamento obsessivo. Então, ter um destes pensamentos não constitui um problema, muito menos uma patologia.No entanto, para algumas pessoas este pode ser um problema psicológico, já que estes pensamentos condicionam de maneira significativa as suas vidas. Além disso, elas tendem a ocultar o que acontece pois têm vergonha de confessar o que sentem.

Para estas pessoas, os pensamentos obsessivos são recorrentes. Os pensamentos obsessivos que elas têm envolvem preocupações absurdas e, apesar de saberem que são absurdas, não conseguem evitá-las.

 
Mulher nervosa roendo as unhas

 

Causas do pensamento obsessivo

O pensamento obsessivo surge por várias razões, ou melhor, pela combinação de várias razões. Uma das mais comuns está relacionada com o futuro, especificamente com a necessidade de prever o futuro. Queremos conhecer o futuro para saber que amanhã não ocorrerá nenhuma desgraça. Queremos controlar o incontrolável, mas não podemos. Todos os dias acontecem coisas inesperadas.

 

Outra das razões para que o pensamento obsessivo apareça está relacionada com a nossa baixa tolerância à ansiedade. Vivemos em um mundo em que estamos sempre correndo e, constantemente, somos bombardeados por estímulos e informações. Precisamos estar sempre ocupados, fazendo coisas. Tudo isso gera estresse e pode nos levar a sentir ansiedade. Trata-se de algo normal que o corpo já conhece, mas não se pode dizer o mesmo sobre a mente. Diante de uma certa ideia que provoca nervosismo, nós queremos nos livrar dela, não desejamos refletir sobre ela.

A última razão que mencionaremos é a terribilitis. A terribilitis é a crença de que qualquer adversidade é “terrível”. Nós pensamos que somos o centro do universo, portanto, qualquer contratempo é considerado o fim do mundo. Esta tendência a exagerar os problemas constitui outra das razões por trás dos pensamentos obsessivos. Apesar destas serem as três principais razões, existem outras, como o pensamento supersticioso, a vergonha excessiva, o medo do ridículo, etc.

Mulher meditando deitada

 

O que fazer para combater o pensamento obsessivo?

Qualquer pensamento obsessivo tem características que o definem e que podem nos ajudar a neutralizar a sua influência negativa. O principal é que 100% das pessoas que sofrem de pensamentos obsessivos podem se desprender deles ou reduzir o seu poder até que ele seja desprezível. Todos nós podemos nos libertar dos pensamentos obsessivos sem a necessidade de medicamentos. No entanto, será preciso fazer uma intervenção.

O tratamento se baseia em aprender a tolerar a ansiedade. Quanto mais incerteza formos capazes de tolerar, maiores os níveis de ansiedade que vamos poder suportar. Para isso, devemos nos acostumar com a ansiedade, pelo menos com certos níveis dela. Ser capaz de viver sem pensar naquilo que não podemos antecipar não é necessariamente ruim.

Por outro lado, também devemos deixar de dar importância para as “besteiras”. A maioria dos nossos contratempos são pouco relevantes, de modo que uma das melhores coisas que podemos fazer com um problema é situá-lo em seu devido lugar no plano de prioridades. Para isso, devemos aceitar o nosso modo de ser. Apagar a imagem de “perfeitos” tão irreal que formamos na cabeça. Devemos começar a ser pessoas que assumem as suas imperfeições. Tudo isso vai nos ajudar a afastar os pensamentos inúteis em geral, e a combater o pensamento obsessivo em particular. Resumindo, nós devemos colocar na cabeça que “nada é tão terrível quanto parece”.

Referências bibliográficas

Feist, J. (2007). Teorías de la personalidad. Madrid: Mc Graw-Hill.
Schultz, D. (2002). Teorías de la personalidad. Madrid: Paraninfo.

FONTE: A MENTE É MARAVILHOSA