Como manter o equilíbrio psicológico?

20/09/2018 21:53

Manter o equilíbrio psicológico significa manter uma certa estabilidade em termos de humor, emoções e sentimentos. Envolve também reagir psicologicamente com moderação diante dos vários estímulos externos, de forma equilibrada e mantendo um certo autocontrole de impulsos e da vida instintiva.

Pelo contrário, dizemos que uma pessoa é desequilibrada quando é muito sensível aos eventos externos, reagindo exageradamente diante eles. Uma pessoa desequilibrada psicologicamente tem uma afetividade frágil e instável.

 

A pessoa que não mantém o equilíbrio psicológico é capaz de entrar em colapso diante de qualquer acontecimento. Poderá cair no desânimo, na tristeza ou pessimismo facilmente. Às vezes, a falta de equilíbrio provém, paradoxalmente, de um equilíbrio exagerado.

Esse equilíbrio exagerado reflete uma anomalia psíquica mais ou menos grave. Este é o caso de pessoas que não têm sentimentos. Elas podem ser pessoas sem compaixão, consciência ética, vergonha, etc.

Cada pessoa tem o seu próprio equilíbrio psicológico

Há casos em que a falta de equilíbrio psicológico é devido a uma doença mental. Nestes casos, será necessário combatê-lo através de um tratamento adequado. No entanto, muitas outras vezes é um problema de personalidade. Nestes casos, a questão que surge é como obter uma personalidade equilibrada.

Cada pessoa é um mundo com características próprias. Seria uma utopia tentar explicar em detalhes o modo de ser que traria equilíbrio psicológico a todas as pessoas. Para isso, não é necessário mudar o nosso jeito de ser até que se configure uma personalidade mais ou menos padronizada.

 
Agir dessa forma seria mais um ataque à nossa própria identidade. No entanto, há uma série de fatores psicológicos que são os ingredientes fundamentais de uma personalidade em equilíbrio. Sem eles, uma pessoa estará exposta ao colapso.
Como manter o equilíbrio psicológico?

 

O autoconhecimento para manter o equilíbrio psicológico

Em primeiro lugar, é essencial conhecer a si mesmo. Isso pode ser alcançado através de uma análise das nossas habilidades e limitações. É necessário conhecer as nossas aptidões e o que somos capazes de fazer, bem como o que é difícil, quase impossível, devido às nossas limitações no campo físico ou intelectual.

autoconhecimento requer uma análise introspectiva. Isso significa avaliar o nosso modo de ser e as nossas capacidades, nos voltando para dentro de nós mesmos. Requer também uma análise extrospectiva, isto é, nos conhecermos pelas nossas obras, pelo que conseguimos fazer até o presente momento.

Os dois tipos de análise são difíceis. Quando somos juízes de nós mesmos, colocamos em prática mecanismos de defesa e autojustificação que fazem com que esses critérios percam a objetividade. Portanto, devemos também contrastar essa informação com a de outras pessoas confiáveis.

Uma vez que nos conhecemos, fica mais fácil estabelecer um projeto de vida coerente que seja viável dentro da estrutura das nossas próprias possibilidades. Dessa forma, poderemos alcançar uma certa constância diante das adversidades e uma maior autoconfiança.

O problema de pensar com o coração e não com a cabeça

Muitas vezes, os desequilíbrios provêm de nos vermos subjugados pela nossa afetividade. Nós pensamos com o coração e não com a cabeça. No entanto, também não é conveniente se tornar uma pessoa fria e excessivamente racional.

Devemos tentar alcançar um equilíbrio entre o racional e o afetivo.Este equilíbrio nos permitirá resolver os problemas e circunstâncias de forma realista e objetiva, sem dramatizar e sem deixarmos de sermos nós mesmos, analisando-os com simplicidade e naturalidade.

Equilíbrio psicológico

 

Da mesma forma, cuidar de alguns aspectos sociais pode ser de grande importância. Devemos tentar estabelecer relações sociais, familiares ou amorosas suficientemente amplas e sinceras, com um espírito aberto, tolerante e flexível.

Cuidar desses aspectos sociais ajuda a alcançar uma personalidade equilibrada que não é focada em si mesma, mas também nos outros. Dessa forma, a sua vida será enriquecida, abrindo-se para horizontes mais amplos.

Finalmente, o trabalho também é importante. É tão prejudicial trabalhar demais quanto se dedicar pouco a alguma tarefa profissional, tentando satisfazer apenas desejos superficiais ou meramente materiais. Em ambos os casos, isso acaba provocando um desajuste da personalidade e um desequilíbrio psicológico profundo e sério.

Talvez você tenha perdido o seu equilíbrio em algum momento, mas não é impossível recuperá-lo. Como podemos ver, para manter o equilíbrio psicológico devemos nos conhecer, estabelecer um projeto de vida coerente, cuidar das nossas relações sociais, etc. Só assim alcançaremos o equilíbrio psicológico desejado.

Nosso cérebro é dividido simbolicamente em dois hemisférios cerebrais. Eles são conhecidos como o hemisfério direito “emocional” ou “intuitivo” e o hemisfério esquerdo “racional”. Por isso, o equilíbrio humano é determinado pela relação entre cérebro emocional e cérebro racional. Essa relação influencia nosso próprio bem-estar.

Entre as três partes do nosso cérebro, o centro das emoções está na parte mais antiga filogeneticamente falando. No entanto, nossa parte mais lógica e racional se localiza no neocórtex. Essa área mais nova nos permite realizar as tarefas mentais mais sofisticadas.

Cérebro emocional e cérebro racional não são polos opostos. Ou seja, as emoções são a base do raciocínio e atribuem valor às nossas experiências. Por isso, o neurocientista Paul MacLean comparou a relação entre o cérebro emocional e o cérebro racional com a relação entre um cavalo (forte e instintivo) e um cavaleiro competente (experiente e lógico).

O equilíbrio humano é determinado pela relação entre o hemisférios: cérebro emocional e cérebro racional.

Hemisférios cerebrais

 

O equilíbrio humano

A palavra vem do latim aequilibrium , aequus que significa ‘igual’ e libra que significa ‘balança’. Reconhecemos o equilíbrio na harmonia, na parcimônia, na moderação, no bom senso, na sanidade mental. Ou seja, nas pessoas que gozam de boa saúde mental.Quando cérebro emocional e cérebro racional estão em equilíbrio, podemos senti-los em nossa própria experiência pessoal. Por exemplo, em situações em que nossa sobrevivência está em perigo, ambos os sistemas (emocional e racional) podem funcionar independentemente.

O emocional nos daria a energia necessária para adotar a primeira medida urgente (segurar um corrimão ou um galho no caso de termos caído da escada ou de um penhasco). Por outro lado, a razão serviria para dar os próximos passos (não poderíamos ficar eternamente pendurados).

O equilíbrio humano determina nosso bem-estar.

Cérebro emocional e cérebro racional: o cavalo e o cavaleiro

Um cavaleiro competente tem que aprender a controlar seu cavalo se quiser andar nele. Se não houver muitos obstáculos e o clima for favorável, será mais fácil para o cavaleiro manter o controle. No entanto, se algo inesperado acontecer, como um barulho alto ou ameaças de outros animais, o cavalo tentará fugir e o cavaleiro terá que segurar firme. Sendo assim, é preciso manter o equilíbrio e, inteligentemente, dominar a inquietação do cavalo.

O mesmo acontece quando as pessoas veem sua sobrevivência ameaçada. Isso pode acontecer quando estão com medo ou até mesmo com um desejo sexual elevado. Nessas circunstâncias, é mais complicado não perder o controle. O sistema límbico detecta e decide quando há uma ameaça significativa e as conexões entre o raciocínio (lobos frontais) e esse sistema tornam-se confusas.

Mulher andando a cavalo

 

Por isso, pesquisas neurocientíficas mostram que a maioria dos problemas psicológicos não é causada por problemas de compreensão. Na verdade, ocorrem por pressões nas regiões que são mais especificamente responsáveis pela atenção e percepção. É muito complicado realizar processos lógicos avançados quando o nosso cérebro emocional está em alerta e só atende aos sinais que percebe como perigosos.

O que acontece quando o cavaleiro não controla o cavalo?

Às vezes nos zangamos com as pessoas de quem gostamos ou sentimos medo de algo ou alguém de quem dependemos. Isso causa uma luta. Nossas emoções e nosso cérebro começam uma batalha que, independentemente do vencedor, raramente nos faz sentir bem.

Se o cavaleiro (cérebro racional) e o cavalo (cérebro emocional) não concordarem, quem ganha? Em princípio, diríamos que o cavalo, já que tem muita força. Na verdade, esse resultado é mais provável antes que o nosso cérebro tenha terminado completamente o seu desenvolvimento. Isso acontece, de acordo com os estudos, por volta dos 21 anos. Antes disso, nosso lobo pré-frontal ainda não terminou de se formar. Portanto, a menos que tenhamos adquirido ferramentas que compensem sua fraqueza, ele estará em condições inferiores ao ímpeto do sistema límbico.

Uma vez que o desenvolvimento do nosso cérebro esteja finalizado (ou quase concluído, já que nunca deixa de evoluir), é mais fácil para a pessoa exercer controle sobre seu lado mais instintivo e emocional. Além disso, a experiência e as ferramentas adquiridas ao longo do caminho da vida também tendem a ajudar. Nesse sentido, enriquecer esses dois elementos (experiência e ferramentas psicológicas) vai ajudar a impedir que o nosso cérebro emocional assuma o controle de nossos pensamentos e comportamentos. Isso é algo que poderia nos fazer muito mal.

“Siga seu coração, mas leve seu cérebro com você”.
-Alfred Adler-
Emoção vs Razão

Referencias bibliográficas:

  • Van der Kolk, B. A. (1994). The body keeps the score: Memory and the evolving psychobiology of posttraumatic stress. Harvard review of psychiatry1(5), 253-265.