SAIBA COMO DESENVOLVER UM RADAR INTERNO, PARA CONTROLAR AS EMOÇÕES DOLOROSAS.

16/09/2017 15:08
cuidardoser |
 

Você já sentiu as suas emoções a tomarem o controle dos seus pensamentos e comportamentos? Se você ferve em pouca água, certamente já se arrependeu de algumas coisas que disse e fez quando entrou num estado de ebulição emocional. Isso é comum a muitos de nós. As nossas emoções são poderosa e quando atingem uma intensidade elevada podem toldar-nos o raciocínio.

Embora não possamos controlar quando sentimos raiva, ou medo, ou a intensidade com que se manifestam essas emoções, podemos ter algum controle sobre o que fazemos quando conseguimos assumir controle da nossa resposta. O que se pretende é desenvolver um radar interno para o perigo emocional, e com isso ganhar uma oportunidade de escolha das suas ações.

MENOS DRAMATIZAÇÃO PERANTE AS EMOÇÕES NEGATIVAS

Para encontrar essa possibilidade de escolha, comece por questionar os seus hábitos mentais destrutivos. Embora possa haver alguma legitimidade para as suas queixas ou frustrações, as emoções perturbadoras que sente estão fora de proporção? Esses sentimentos são familiares? Você está ruminando? Se assim for, gostaria de ganhar mais controle sobre esses hábitos autodestrutivos?

Kevin Ochsner, um neurocientista da Universidade de Columbia elaborou o seguinte estudo: Os cérebros dos voluntários foram escaneados quando viram fotos dos rostos das pessoas mostrando emoções que variavam de uma mulher em lágrimas a um bebé rindo. Os seus centros emocionais imediatamente ativaram o circuito para qualquer sensação que os rostos expressassem.

Ochsner pediu aos voluntários para repensarem de forma menos alarmante o que poderia estar acontecendo nas fotos mais perturbadoras: talvez essa mulher estivesse chorando num casamento, e não num funeral. Com esse repensar, houve uma mudança impressionante no cérebro: os centros emocionais perderam energia, e os circuitos mais altos no córtex pré-frontal, aqueles responsáveis para a reflexão foram ativados.


A pesquisa demonstrou que esta estratégia parece despertar circuitos nas áreas pré-frontais que podem resistir a sinais límbicos mais primitivos para emoções negativas muito fortes. Esse circuito parece estar responsável numa ampla variedade de métodos, incluindo o raciocínio sobre impulsos e sentimentos negativos.

Muitos de nós não conseguimos utilizar o raciocínio mais lógico para lidar com sentimentos incómodos. Mas existe uma vasta gama de abordagens que podemos tentar, desde a atenção plena (mindfulness) até aos exercícios de treinamento da força emocional. Seja qual for o método utilizado, o que mais importa é conseguirmos diminuir o impacto destrutivo das nossas respostas na presença de emoções negativas. 

AUTOCONSCIÊNCIA: O PRIMEIRO PASSO NA HIGIENE EMOCIONAL

Um método que pode ser particularmente útil é perceber os impulsos emocionais (por exemplo: sentir-se ofendido, sentir-se vitimizado ou injustiçado, sentir-se diminuído ou esquecido) que sinalizam emoções destrutivas, e depois pensar sobre o que esses impulsos podem indicar. Importa particularmente perspectivar novas formas de interpretação sobre os sentimentos que estão a ocorrer, para evitar que possamos automaticamente seguir os velhos padrões de pensamentos que costumamos usar. 

Você pode estar a sentir-se de uma determinada forma, mas que na verdade esse sentimento pode ter muito mais a ver com acontecimentos passados ou com uma má interpretação sua, do que propriamente com o que está a acontecer ao seu redor nesse momento.


Esta abordagem combina uma consciência dos nossos sentimentos com o raciocínio sobre as suas causas, um método popularizado no ocidente pela “Terapia Cognitivo-comportamental Baseada na Mindfulness e Aceitação“.

Ganharmos consciência dos nossos próprios sentimentos turbulentos, ajuda a entender o que acontece quando a intensidade dos mesmo aumenta. Isso geralmente passa despercebido. Mas, se conseguirmos trazer para a nossa consciência a noção do aumento da intensidade desses sentimentos, ganhamos um ponto de vista mental que nos permite amenizar o que de outra forma se tornaria um sequestro emocional destrutivo.

No mínimo, podemos notar como nos sentimos durante o próprio sequestro e tomar consciência das consequências negativas dos nossos impulsos. E com sorte (ou prática), podemos nas próximas vezes apanhar a nós mesmos a sermos invadidos por sentimentos negativos e mudar o que dizemos ou até mesmo adequar melhor a nossa resposta comportamental às circunstâncias. 

Para isso, ajuda tomar consciência do intervalo que existe entre o momento em que sentimos uma emoção, como por exemplo a raiva, e a resposta a essa mesma emoção. Isso não é fácil, porque as emoções evoluíram para nos fazer responder imediatamente, sem pensamento consciente. Para deixar de reagir e escolher a resposta em consciência, importa ficar atento à forma como as emoções se fazem sentir no corpo e que transformações ocorrem ao nível da mudança de pensamentos.

Por exemplo: Quando começa a fica irritado você cerra os dentes ou os punhos? Tem certos pensamentos familiares?

FAMILIARIZAR-SE COM O RADAR INTERNO

Seja como for, tomar atenção aos sinais corporais associados à explosão emocional pode ser usado ​​como um radar mental. À medida que nos familiarizamos mais com a atenção para as alterações corporais e gestos físicos que levam a explosões emocionais, certamente ficamos mais capazes de apanhar a nós mesmos a mudar o estado emocional em que nos encontramos.

Muitas vezes o simples ato de observá-los e nomeá-los permite diminuir a nossa resposta explosiva carregada de exageros emocionais. Se a nossa atenção se tornou mais forte até ao ponto de se transformar num radar mental, ficamos capazes de travar a resposta emocional despropositada que tínhamos tendência para realizar. Na verdade é como se desenvolvêssemos a capacidade de interromper os impulsos emocionais antes deles se apoderarem de nós e consequentemente do nosso comportamento.

Uma forma de perceber que o seu radar mental já está funcionando em pleno é, por exemplo, quando você estiver na presença de alguém hostil, mas conseguir manter-se calmo e capaz de usar o seu discernimento para entender que apesar de estar a sentir alterações no seu corpo é capaz de inibi-las e tomar uma ação em consciência, ao invés de lançar um ataque.

Abraço,

Miguel Lucas