REFLEXÃO:Autoconhecimento - Caminho para o amor

18/10/2011 15:59



 

 

Foto de grupo de pessoas

“Quem olha para fora sonha.  Quem olha para dentro desperta.” Osho

“A vida sem amor é seca”.  Hélio Corrêa da Costa

Faz parte da natureza humana a busca do amor.  Queremos ser aceitos, compreendidos, amados, enfim. Queremos sentir o calor humano, sem o qual é quase impossível sobrevivermos saudavelmente.  O engano, porém, é concentrar essa busca de afeto somente fora de nós mesmos, o que faz prevalecer um constante desassossego interno.

Ao tomar consciência dessa intranqüilidade, uns vão procurar se olhar e se compreender melhor através da busca do autoconhecimento.  Optam por dar um mergulho nas águas profundas do ser para emergir com mais paz, amor  e sabedoria.

Outros, na ânsia de serem aceitos e amados entram  em caminhos distorcidos,  feitos de atalhos, cheios de ilusões, em que quanto mais  se caminha, mais distante se fica daquilo que se busca.  Fogem do sentir a si mesmos, da verdade de suas vidas, através do sexo, da conquista do poder, do dinheiro, do status social,  bem como do uso do álcool e de outras drogas.  Há também um outro tipo de amortecimento muito comum: a fuga da realidade através do fazer, do trabalho. As pessoas se mantêm sempre muito ocupadas, fazendo algo o tempo inteiro, mesmo que o corpo não agüente. Tornam-se workholics. Ao parar vão entrar em contato com as emoções e sentimentos reprimidos que lhes causam dor e sofrimento.  E para não sentir, não param. No entanto, é olhando a dor de frente que ela se dissolve e as suas marcas podem ser apagadas de modo natural. A vida faz os ajustes necessários no devido tempo.

Inquietações, desconfortos ou dores, cujas raízes são internas, não se dissolvem com coisas do mundo externo.  Acumulação de bens materiais, poder, status social não curam a miséria emocional  de ninguém, ao contrário, pois camuflam a realidade, impedindo um processo de transformação. Se não acordamos  em tempo, corremos o risco de viver sempre isolados de nós  mesmos e procurando no mundo externo o que está dentro: a nossa fonte  suprema de amor. Se não conseguirmos  voltar os olhos para dentro  não conseguimos o nosso sustento emocional e espiritual. Tornamo-nos adultos infantis, carentes e dependentes.  Quantas vezes desejamos e cobramos das pessoas com as quais nos relacionamos algo que  não fomos capazes de nos dar, como atenção, amizade, aceitação, carinho, respeito, compreensão?  Como querer que o outro nos dê aquilo que não nos damos?  É contraditório...

Se aprofundamos no autoconhecimento, não ficamos carentes e necessitados o tempo todo de atenção externa. Vamos descobrir que dentro de nós existe um tesouro, um bálsamo divino feito de silêncio e amor que nos acalenta eternamente, que nos ampara em qualquer situação. O nosso valor não vai depender de nota dez ou zero de ninguém a nosso respeito. Ganhamos forças para encarar a realidade, seja ela qual for.  Deixamos cair as  ilusões, imagens e fantasias. Não ficamos à mercê do julgamento do outro.  Vamos ser nós mesmos, mais livres, amorosos, espontâneos e naturais, com menos julgamentos e muito mais aceitação, conosco e com os outros. Existem pouquíssimas coisas que poder e dinheiro não compram neste mundo, entre elas, a paz de espírito, a auto-estima real e o amor sincero de alguém.

Se conseguimos nos relacionar com mais harmonia conosco em primeiro lugar, os relacionamentos com as pessoas ao nosso redor serão fundamentados no compartilhar. Vidas que se encontram e se comungam em uma dada dimensão de tempo e espaço. Bem diferente de  uma relação de necessidades e exigências, que termina colocando o outro como um objeto com o dever de nos nutrir e atender as nossas demandas, por mais absurdas que sejam.

À medida que nos interiorizamos, deixando expandir o sentimento de auto-aceitação, vamos amadurecendo emocionalmente. Conseqüentemente, aumentamos as nossas possibilidades de atrair pessoas com as quais podemos nos relacionar de forma mais  consistente e amorosa, com uma troca sincera de afeto ao invés de apego e  dominação.  O amor verdadeiro não contempla a posse e o apego.

Se um número maior de  pessoas tivesse abertura, coragem para sair da parte periférica do ser e aprofundar o contato interno, não haveria tanta miséria afetiva no mundo.  Haveria muito mais encontros que nutrem as pessoas, do que desencontros que frustram,  decepcionam e ferem uns aos outros.  Entretanto, grande parte  prefere a pseudo-segurança das suas cascas e das águas rasas.  E no raso, não dá para  conhecer quem realmente somos.  A nossa essência fica esquecida, adormecida e a nossa capacidade de dar e receber amor permanece encolhida.

As potencialidades mais belas do ser humano ficam invisíveis vistas da superfície.  Se quisermos descobri-las e vivenciá-las temos que perder o medo das águas profundas e dar um  mergulho no nosso ser, de onde resgatamos o nosso senso maior de dignidade, respeito e valorização da nossa expressão. Então, abrimos passagem  para o amor entrar e fluir em  nossas vidas.