Porque é tão difícil tomar decisões?

13/10/2017 23:01

Porque é tão difícil tomar decisões?

 

 
 
Dificuldade em decidir pode abranger várias áreas da vida de uma pessoa:
 
- Que curso fazer na faculdade? Medicina que me dará mais rendimento ou faço balé que me dará mais satisfação?
- Separo deste marido / esposa? É melhor arriscar a talvez não encontrar outra pessoa e ficar só ou me livro desta pessoa que está me fazendo muito mal?
- Vou atrás de uma promoção ou fico mais tempo nesta função para consolidar melhor meus conhecimentos e técnicas de gerenciamento?
- Reformo minha cozinha e fico um tempo com a casa de pernas para o ar, mas depois desfruto de um belo ambiente ou mantenho tudo como está?
- Compro este imóvel agora ou espero o mercado melhorar? E se o mercado piorar.
- Ligo para esta garota (o) que estou paquerando? Não deixo a chance passar ou vai parecer que estou desesperado e porei tudo a perder?
 
Uma coisa é certa: Todo mundo adora certezas, e viver na incerteza é muito angustiante.
Se você é vendedor ou tem uma empresa guarde esta dica, vale ouro: Ofereça certezas! Este é o produto mais procurado. Como se vende certezas? Você deve garantir que em seu restaurante, por exemplo, sempre terá a mesma qualidade da comida. De nada adianta ter algo delicioso a maior parte do tempo se de vez em quando o cozinheiro erra no tempero. Ninguém quer arriscar numa roleta russa e nunca saber se hoje encontrará o cozinheiro de bom humor. As pessoas freqüentam lugares onde sabem o que vão encontrar.
 
Quando falamos de comercio ou vendas a coisa é mais fácil, tudo complica quando falamos de decisões comportamentais, emocionais e psicológicas. Que atitude tomar? Devo falar ou não com aquela pessoa que está agindo errado? Devo sair de casa? E se eu não me adaptar?
 
O grande mal dos processos de decisão é o “E se...?”. Você pode completar essa frase como quiser: “E se... a terra for invadida por marcianos?”. Vai dizer que é impossível? Tudo é possível, mas não devemos confundir o possível com o provável.
É possível que caia um avião em minha cabeça enquanto escrevo este texto? Sim. É provável? Não. (Se o texto for concluído você saberá que nada caiu sobre minha cabeça).
Tudo, absolutamente tudo é possível. Nada é impossível nessa vida! Mas se ficarmos paralisados esperando o pior deixaremos de viver.
 
Porque alguns têm mais dificuldade em decidir que outros?
 
Há fatores que influenciam muito:
- Mudanças de papéis com os pais. Ou seja, se você cuidou dos pais ainda em idade onde seriam os pais que deveriam cuidar de você provavelmente esta é a causa de sua dificuldade em tomar decisões. Isto cria um ego mais frágil, com a sensação de que ainda não está pronto para saber o que fazer.
Esta mudança de papeis ocorre em famílias onde uma doença, ou outra mudança qualquer, apareceu de forma súbita e inesperada e não houve outra saída senão contar com as crianças para assumirem responsabilidades antes do tempo.
 
- Pais superproterores. Pais que não permitiram o treino natural de tomar decisões quanto a sua rotina normal de vida. Pais que nunca o treinou a perceber o quanto seria gratificante escolher seu brinquedo, a cor de sua bicicleta, a roupa que usará.
 
- Dificuldade em tomar contato com suas emoções. Uma das funções das emoções são as referencias. São as emoções que te norteiam para o agradável e te ajuda a fugir do desagradável. Ou seja, se você sente que algo te faz bem você escolhe esta coisa, da mesma forma que sairá de perto das coisas que te dão sensação de mal estar.
O interessante é que nem sempre as emoções estão corretas, você pode sim se sentir muito bem com algo (por exemplo, paquerar aquele rapaz com toda auto-estima do mundo) por achar que isso é muito bom, mas no fundo isto não te fará nada bem.
 
- Dificuldade em acessar suas memórias. Nossas lembranças também são referencias. Se uma vez você foi para praia, se divertiu à beça, valeu à pena, mas só se lembra do rádio que o vizinho deixava no ultimo volume com certeza terá dificuldade em decidir voltar à praia.

O que fazer para conseguir tomar uma decisão
- Avalie quais são as possibilidade. Se você está na loja de sapatos, por exemplo, pode estar em dúvida entre o sapato vermelho e o preto.
- Deixe sua mente livre para que você possa sentir cada possibilidade, sinta-se usando o vermelho, depois dê uns segundos para sua mente "usar" o outro sapato. Veja como se sente em cada uma destas opções.
- Dê atenção aquele "comichão", aquele friozinho na barriga que sentiu quando se viu usando um deles. Muitas vezes refutamos esta sensação porque em seguida deixamos nossa censura falar mais alto "imagine você, uma mãe de família, usar um sapato tão ousado". 
- Dê um "tapa" nesta censura e se permita sentir neste sapato novamente. 
- Depois disso dê chance à seu lado racional, talvez ele diga "este sapato é lindo mas, não combina com nenhuma roupa de seu armário".
- Segunda etapa - Perceba que agora sua decisão mudou: Não se trata mais de identificar qual sapato lhe agrada, mas decidir se vai usar um sapato mesmo sem combinar com as roupas que tem ou se vai comprar novas roupas. Com certeza este segundo momento da decisão é mais fácil de ultrapassar, pois a trava emocional já começou a ser desfeita. 
- Ultima etapa - Pare de pensar e simplesmente faça. Corra o risco de se arrepender. Se você chegou neste ponto o arrependimento será sobre algo muito mais administrável do que uma decisão tomada lá no inicio. 
- Saiba que cada escolha é um passo para decidir melhor nas próximas vezes.


Exercício para o treino em decisões
Ao andar pelas ruas lhe para cada carro, casa, sapato que ver e decida rápido: Seria esta a sua opção? Compraria este imóvel? Se sentiria bem com este carro? Andaria ao lado de alguém com esta postura? 
Ao fazer isso você treina sua mente a fazer escolhas. 


Quer garantia de que terá escolhas 100% perfeitas?
Não tem. Esta é a graça da vida, teremos sempre emoções novas, nunca entraremos no "cinza" da certeza, do tudo pronto, certinho sem novidades.
 
 

O importante é que tudo saia perfeito

 
 
A busca pela perfeição pode ser muito bonita em teoria, ser o melhor em exatamente tudo. Nunca errar, nunca dar uma mancadinha. Livros de auto ajuda, principalmente os voltados para administração de empresas ou de carreiras ensinam que você deve estar muito, mas muito atendo mesmo a cada alteração do mercado, a cada novidade tecnológica que surgir, você não pode ficar para trás.
 
Será mesmo que esta busca pela perfeição te leva pra onde você está pensado?
  
Mas, (tudo na vida tem um “mas”) quando essa necessidade de perfeição passa para o nível do exagero você começa a ser pior profissional, amigo, esposa, colega, ou seja lá o que for.
 
Interessante é que  o exagerado nunca acha que está exagerando, ele sempre considera que ele merece admiração por ser tão atento aos detalhes. Por isso é que a próxima parte deste texto é fundamental para você que já chegou a te aqui.
 
Para identificar se você está exagerando identifique estas características:
 
-Preocupação tão extensa, com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários, que o ponto principal da atividade é perdido.
-Perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (por ex., é incapaz de completar um projeto porque não consegue atingir seus próprios padrões demasiadamente rígidos)
- Devotamento excessivo ao trabalho e à produtividade, em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade econômica)
- Excessiva conscienciosidade, escrúpulos e inflexibilidade em assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicados por identificação cultural ou religiosa)
- Incapacidade de desfazer-se de objetos usados ou inúteis, mesmo quando não têm valor sentimental
- Relutância em delegar tarefas ou ao trabalho em conjunto com outras pessoas, a menos que estas se submetam a seu modo exato de fazer as coisas
- Adoção de um estilo miserável quanto a gastos pessoais e com outras pessoas; o dinheiro é visto como algo que deve ser reservado para catástrofes futuras
- Rigidez e teimosia
 
Se você identificou estas características, é possível que seu quadro seja o:
 
Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva 
Um padrão invasivo de preocupação com organização, perfeccionismo e controle mental e interpessoal, às custas da flexibilidade, abertura e eficiência, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos.

A característica essencial do Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva é uma preocupação com organização, perfeccionismo e controle mental e interpessoal, às custas da flexibilidade, abertura e eficiência. Este padrão começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva tentam manter um sentimento de controle através de uma atenção extenuante a regras, detalhes triviais, procedimentos, listas, horários ou formalidades, chegando a perder o ponto mais importante da atividade. Eles são excessivamente cuidadosos e propensos à repetição, dando extraordinária atenção a detalhes e verificando repetidamente, em busca de possíveis erros. 

Estas pessoas não percebem que os outros tendem a ficar muito aborrecidos com os atrasos e inconveniências que resultam de seu comportamento.

Por exemplo, quando extraviam uma lista de coisas a fazer, passam um período de tempo incomum procurando-a, ao invés de dispenderem alguns momentos recriando-a de memória e seguirem com a realização das tarefas. O seu tempo é mal distribuído, sendo as tarefas mais importantes deixadas para a última hora. 

perfeccionismo e os altos padrões auto-impostos de desempenho causam disfunção e sofrimento significativos nesses indivíduos, que podem envolver-se tanto na tarefa de tornar cada detalhe de um projeto absolutamente perfeito, a ponto de jamais terminá-lo. 

Por exemplo, a redação de um relatório é atrasada por numerosas revisões demoradas que jamais estão "perfeitas". Prazos são perdidos, e os aspectos da vida do indivíduo que não são o foco de atividade atual podem ser deixados de lado.

O obsessivo não vence sozinho, é preciso ajuda externa de pessoas especializadas. Tentar vencer o perfeccionismo extremo é como alguém tentar realizar uma cirurgia em si mesmo.