"O indivíduo precisa aprender a se autogerenciar, como se fosse um empresa !

13/08/2017 17:32
cuidardoser | COMO CONSEGUIR TER UMA BOA AUTO-ESTIMA?

 Se o dono de uma empresa só se preocupa com a área de Recursos Humanos e descuida do operacional, por exemplo, a empresa não vai bem. O ser humano precisa ser visto como um conjunto de várias áreas e todas precisam funcionar adequadamente", explica José Roberto. 

Para onde você está indo? 

O mau gerenciamento aqui não está ligado às patologias tradicionais. Trata-se do mau gerenciamento do ponto de vista da vida. "É o não saber estabelecer metas, não saber se planejar. Há um padrão na nossa cultura que é o de não levar muito a sério o gerenciamento da vida. É quase uma "patologia cultural"", explica José Roberto. "É uma realidade facilmente notada. Qual é o nosso vocabulário do dia-a-dia: vamos dar um jeito, vou levando a vida, estou indo... Quem pára para fazer um balanço semanal, mensal, anual do seu gerenciamento da vida? Imagine, você ficar perdendo tempo com estas coisas", continua. 

Fazer planejamentos e estabelecer estratégias para viver, ser comprometido com literaturas no estilo da Revista VENCER!, por exemplo, são atitudes que vão contra o padrão cultural. José Roberto acredita inclusive que, quando a medicina comportamental conseguir o devido reconhecimento como uma alavanca para se obter mais saúde, o país não precisará gastar com tantas drogas para combater as doenças. Será uma economia na área da saúde. 

O grande entrave para este tipo de desenvolvimento é a crença de que é possível ter lucro sem investimento. Qual é o caminho que queremos? O mais cômodo. Queremos aprender inglês dormindo; curarmos nossos males tomando um remédio milagroso ministrado em uma única dose; queremos viver "levando", empurrando com a barriga, sem grandes saltos e riscos. Alguns usam este tipo de atitude passiva para reforçar a falta de compromisso: "Sou assim. Não esperem nada de mim". 

É comigo? 

Mas sua vida já está cheia de preocupações... Atenção: o psicólogo afirma que o assunto aqui é a preocupação de você como indivíduo. A partir do momento em que você volta os olhos para dentro de você mesmo, só então o processo é disparado. No momento em que você tem uma preocupação consigo mesmo, você gerencia o seu comportamento, estabelece objetivos para sua vida, percebe suas potencialidades, suas limitações, reconhece as áreas que precisam ser desenvolvidas. Você passa a ter uma satisfação maior em estar vivendo, na forma como está vivendo.Você começa a perceber que tem um valor como pessoa, começa a sentir satisfação consigo mesmo e vem a consciência de quem você realmente é. Este quadro também atende pelo nome de auto-estima. Neste emaranhado de atitudes, uma merece destaque: aceitar as limitações. 
Resumo da ópera: auto-estima é a capacidade de gostar de si mesmo. Uma tarefa que está intimamente ligada ao autoconhecimento. 

"A boa auto-estima existe a partir do momento que o indivíduo se gosta, se respeita, a partir do momento em que ele vive sem competir com ninguém", explica o médico psiquiatra italiano Leonard Verea, há 15 anos no Brasil, especializado em Medicina Psicossomática, que faz um trabalho de resgate da auto-estima. 

De acordo com o filósofo americano Nathaniel Branden, Doutor em Psicologia, autor do livro Auto-estima:como aprender a gostar de si mesmo (Saraiva), ter auto-estima elevada é sentir-se confiantemente adequado à vida, competente e merecedor. Ter uma auto-estima baixa é sentir-se inadequado à vida, errado, não sobre este ou aquele assunto, mas errado como pessoa. 

A origem do mal 

A questão é: como conseguir ter uma boa auto-estima? Começamos entendendo sua origem: segundo a psicóloga Maria Tereza Maldonado, o início pode estar ligado à experiência familiar. "Se, na educação recebida pelos pais ou na escola, o olhar crítico foi mais forte do que o olhar da apreciação, com exigências demais, a criança cresce com a sensação de insuficiência, de que nada do que ela faz faz bem", diz. 

Maria Tereza afirma que este tipo de comportamento vem no formato do ataque: "você é chato", "não presta", "não faz nada direito". Às vezes, os ataques vêm dos pais ou da relação com o irmão mais velho ciumento, por exemplo. O ciúme vem sobre a forma de ataque: "você é idiota", "é burro". Para o mais novo, que idolatra o irmão mais velho, o ataque é duramente sentido. A escola também pode proporcionar contextos para minar a auto-estima. Muita criança é alvo de implicância e críticas ou até mesmo de isolamento por ter a orelha de abano, por usar óculos, por ser mais baixa. 

"Uma criança que passa por isto não se sente aceita nem integrada e começa a se ver de forma desfavorável: "não sei brincar", "não sei fazer", "não consigo aprender"... ela mesma começa a se desqualificar e cultivar uma auto-estima baixa", completa Maria Tereza. 

Maria Tereza alerta para o fato de que isto não é uma lei da matemática. Uma pessoa mais sensível a críticas poderá desenvolver uma baixa auto-estima. Outras são mais resistentes, saem ilesas a elas. Maria Tereza dá o exemplo das pessoas negras. São pessoas que sofrem exclusões. Algumas desenvolvem uma auto-estima baixa, outras não. Elas reconhecem que são vítimas de preconceitos e batalham para corrigir a discriminação. 

O que faz a diferença, então? "O conceito da resiliência, que é a capacidade de enfrentar as adversidades sem se deixar abater. É uma força interior que também pode ser desenvolvida", afirma ela. 

Escapei desta! 

Muito bem. Você pode pensar que nenhum destes exemplos se aplica a você. Você não tem as orelhas despregadas do crânio, era muito popular na escola e... você está salvo da auto-estima baixa. Não. Ninguém está livre de uma auto-estima baixa. Ela pode surgir a qualquer momento, dependendo da situação, em qualquer fase da vida. 

Às vezes, a auto-estima baixa não o afeta como um todo, manifesta-se apenas em algumas áreas. Você pode ter uma superauto-estima na área profissional e uma auto-estima baixíssima na afetiva. Pode sentir-se no topo no trabalho, mas sentir-se desqualificado como homem, não tendo confiança para seduzir uma mulher, sentindo-se incompetente. No caso da mulher, ela pode ser uma executiva de sucesso e não conseguir manter relacionamento
Uma questão de fas
Vamos às fases críticas. Na área profissional, há períodos críticos. O recém-formado que busca inserção no mercado de trabalho está em um momento muito vulnerável. Nesta fase, existe a dúvida sobre a própria capacidade e sobre a possibilidade do emprego. A mudança de área profissional também é outro agravante da auto-estima baixa. A expectativa da assertividade traz dúvida e insegurança. 

Na área pessoal, a primeira fase crítica talvez seja a adolescência. Um tempo em que você - mesmo tendo uma boa auto-estima - ainda é vulnerável e instável. Questões sobre identidade, como fazer amigos,namorar, trazem muitos arranhões para a auto-estima. 

Outra fase também caracterizada por muita fragilidade é o envelhecimento. Maria Tereza, co-autora do livro Maiores de 40 - guia de viagem para a vida (Saraiva), explica que é uma fase da vida em que há menos chance no campo afetivo, no trabalho, além do preconceito social e do medo do envelhecimento. É um momento muito vulnerável na auto-estima (veja Box ao lado). 

Dê a volta por cima! Cada fase, uma estratégia 

Se você está estabilizado profissional e pessoalmente e acha que não vai precisar lidar com a auto-estima baixa... Espere que há mais uma: a velhice. Hoje, talvez a principal queda de braço entre a cultura e o bem-estar humano. Envelhecemos. É óbvio, é natural, é bonito. Mas, na sociedade ocidental, envelhecer ainda é visto como um problema, uma espécie de preconceito social. Além de toda a carga que vem com a velhice, o idoso precisa enfrentar mais uma: manter sua auto-estima apesar da cultura. 

Saber lidar com este obstáculo, de acordo com Maria Tereza, começa com um olhar reflexivo sobre preconceito social. Por que ficar velho é ruim, é descartável? O idoso precisa descobrir uma forma de olhar de outra forma e a forma como deve apresentar isto para os outros, como contribuir coletivamente para que isso seja mudado. 

Muitos idosos perdem a sua auto-estima, entram em estados depressivos, adoecem. Maria Tereza cita a experiência de idosos que se sentiam inúteis, incapazes de fazer alguma coisa na vida e que começaram a freqüentar grupos, sair de casa, fazer novos contatos. Aprenderam coisas novas, renovaram o seu projeto de vida. Os resultados: ganharam auto-estima, não estão mais deprimidos, adoecem menos. Maria Tereza dá o exemplo de uma senhora que aprendeu bandolim aos 70 anos, renovou seu projeto de vida, seus interesses, fez uma nova ligação com a vida e recuperou sua auto-estima perdida. 
E este tipo de volta por cima não precisa acontecer só na velhice. Rompimentos, crises, desilusões, qualquer situação que, se você se perguntar "e agora o que eu vou fazer da vida?", é um pretexto para descobrir outro caminho, reconstruir o seu projeto de vida, reconstruir uma ligação com a vitalidade, descobrir outras coisas, desenvolver habilidades que estavam adormecidas. Aproveite a oportunidade para desarquivar sonhos antigos, redescobrir habilidades que não puderam ser desenvolvidas. Este tipo de volta por cima é uma injeção poderosa na auto-estima", diz Maria Tereza Maldonado. 


Nathaniel reforça esta saída estratégica. Ele afirma que tem observado que as transformações mais radicais ocorreram depois que a pessoa percebe que ninguém irá salvá-lo. "Quando você realmente se dá conta de que não vem ninguém, você encara inteiramente a responsabilidade por sua vida e começa a implementar as mudanças",diz. 

A literatura universal está cheia de exemplos deste tipo. Afinal, em que momento é que o herói dá a reviravolta definitiva? Quando abandona o lar, quando aceita inteiramente a responsabilidade pela sua vida. "A aceitação libera-nos para a realidade", completa Nathaniel.
Só por hoje!
O filósofo americano Nathaniel Branden, autor do livro Auto-estima:como aprender a gostar de si mesmo (Saraiva), também alerta para o caráter instável da auto-estima. "Auto-estima é a forma como você se sente a respeito de si mesmo e seu comportamento diante de questões referentes a sua vida profissional, sentimental e emocional. A auto-estima é uma prática diária, aumentada ou diminuída de acordo com atos individuais. 

"Quanto maior a nossa auto-estima, mais bem equipados estaremos para lidar com as adversidades da vida; quanto mais flexíveis formos, mais resistiremos à pressão de sucumbir ao desespero ou à derrota. Quanto maior a nossa auto-estima, maior a probabilidade de sermos criativos em nosso trabalho e maior a probabilidade de obtermos sucesso", explica Nathaniel.


A MINHA VIDA ME PERTE
Comece assumindo a responsabilidade sobre o seu destin
Para os candidatos a trilhar a jornada para o cultivo da boa auto-estima, é necessário primeiro assumir a tarefa de estar no comando da sua vida, ter domínio sobre ela. Apague do seu vocabulário o "vou levando", o "vamos esperar para ver como é que fica", etc
Um bom começo para isto é o autoconhecimento. Comece fazendo um levantamento dos seus valores. Aqui cabe um pequeno aparte sobre a importância dos valores humanos


Quando o problema tem mais raízes... 

O psiquiatra Paulo Gaudencio explica que a base desta problemática são os valores. Vejamos: o ser humano censura os impulsos que não correspondem aos seus valores. É sua obrigação proteger os valores, pois, sem eles, somos psicopatas; se temos diminuição dos nossos valores, somos delinqüentes; se os temos em exagero, há um excesso de censura, e, desta situação, surge o perfeccionista
Bem, por razões óbvias, deixemos de lado o psicopata e o delinqüente. Vamos ao perfeccionista, aquele que quer ser perfeito, quer agradar a todos. "O cara tem que ser tão bacana, tão bacana, que não tem impulso que corresponda a tanto. Então, ele vive pouco os próprios impulsos. A impressão é que ele tem uma baixa auto-estima. O que acho é que ele não tem um "auto" para estimar. Como ele vive pouco suas emoções, ele não tem a quem querer. Não vive. É uma excesso de rigidez, de autocensura", detalha Gaudencio. 
Reveja seus valores
Percebeu a importância dos valores? Eles são a base: comece por eles. "Eles são tão importantes que o início do meu trabalho como terapeuta é fazer um levantamento dos valores do paciente", explica o terapeuta. De acordo com o psiquiatra, a primeira questão no levantamento de valores é: esses valores são seus mesmos?
Um exemplo: Como eram os valores da mulher 50 anos atrás? Sensível, feminina, submissa, boa dona de casa, não muito ligada à sexualidade. A mulher hoje: sensível, feminina, inteligente, boa profissional, boa de cama. Como ficaria a cabeça de mulher de 50 anos atrás que tivesse uma relação sexual antes do casamento? Hoje, uma mulher com 20 anos que ainda seja virgem é uma anormal? "Depende. Se for uma decisão dela, não", esclarece.
O grande trabalho terapêutico é rever estes valores. O valor é meu porque escolhi, ou é um valor imposto pelo meu tempo, pela sociedade em que eu vivo, pela minha família. "Você é educado com determinados valores, mas você precisa revê-los. Eles precisam passar por um exercício inventado pelos gregos, chamado "raciocínio". Não posso deixar de pensar sobre o que me é colocado. Repensar os valores é o grande princípio da psicoterapia e da educação. O processo terapêutico é a revisão dos valores, por isso que um bom terapeuta não tenta fazer a cabeça de ninguém", completa Gaudencio. (E é também por este motivo que conselho não resolve. O outro sempre vai ter uma opinião baseada nos seus próprios valores.)
Só uma ilustração: o exemplo do marido tímido e fiel. "Para mim, marido tímido não é fiel, é incompetente. Porém, se ele tratar a timidez e continuar fiel, então ele poderá dizer que a fidelidade é um valor dele", afirma Gaudencio. (Diagramar Box 2 ao lado deste tópico)
Nevoeiro mental + agravantes sociais 
Leonard F. Verea também concorda que a origem vem de uma confusão interna. "Para agravar, hoje as pessoas vivem frustradas. Existe uma grande desintonia entre realidade e fantasia". E males modernos - muitos oriundos do meio social - como tensões, inseguranças, ansiedade, também contribuem para que a auto-estima seja a pior possível. Leonard compara com um viajante que entra em um restaurante e tem no bolso o preço exato da refeição. A refeição custa, por exemplo, R$ 14,00 e ele tem R$ 15,00. Certamente ele não sentirá a mesma segurança de alguém que almoça com R$ 150,00 no bolso. "Muitos se sentem inseguros, sem preparo para imprevistos. Vivem sempre no limite da tolerância. O salário não aumenta, o tempo livre é cada vez mais escasso, a qualidade do tempo livre é cada vez pior", completa
Males da auto-estima baixa Você se reconhece?
Alguns comportamentos inadequados têm como causa a auto-estima baixa. Veja alguns exemplos de acordo com Paulo Gaudencio. Todos são entraves diretamente ligados aos valores e não se pode fazer nada sem revê-los antes
Tímido - A timidez tem origem na auto-estima baixa. O tímido se sente inferior. Porém se sente inferior ao que ele se cobra ser, e geralmente ele se cobra em exagero.
Dono da verdade - Um indivíduo só pode encarar a verdade do outro quando confia na sua e sente segurança para colocar a sua verdade em dúvida. Quem conhece mesmo é humilde. Quanto mais conhecimento, mais se entra em contato com o que não conhece. O dono da verdade sabe tão pouco que nem sabe o tamanho da ignorância dele
Arrogante - A arrogância é a cara do medo. Por que os recém-formados são tão arrogantes? Por causa da insegurança, do medo de não ser bom. Gaudencio cita o exemplo do médico que está amaciando o diploma. É preciso coragem para duvidar
Comece a jornada
Continuando os passos desta expedição, chegamos ao caminho da reflexão. "É importante fazer um inventário da sua trajetória, questões como "onde eu fui bem-sucedido", "onde fracassei", "o que fiz para dar certo", "o que posso melhorar"", ensina Maria Tereza Maldonado. E mais: busque suporte para esta tarefa. Trocar idéias com pessoas que passaram pela mesma situação também é medida importante. 
"Hoje levantei e fui fazer a barba. Não dá para fazer a barba sem espelho. Eu não consigo me arrumar por dentro se eu não tiver um espelho dentro de mim. O espelho para a visão interna é o outro. Só mudo com a ajuda do outro. Preciso de alguém que me mostre a inadequação do meu comportamento - o nome disto é amigo", explica Gaudencio. 
Porém ele alerta que a ajuda do amigo só é eficiente se você ouvir o que ele tem a dizer não como uma acusação, mas como um depoimento. "Nas relações humanas, isto é uma coisa moderna chamada diálogo. Na relação profissional, existe uma coisa que se chama feedback". Para muitos, este processo é árduo, porque ouvir o que os outros falam também não é uma tarefa fácil, exige aprendizado. Para quem tem este tipo de dificuldade - ouvir o outro -, a melhor alternativa é a terapia
O fim está longe 
Para aqueles que se iludem com os milagrosos manuais de auto-ajuda, Maria Tereza afirma que a auto-estima ideal é um trabalho para a vida inteira, porque sempre haverá períodos mais fortalecidos e mais prejudicados. "A auto-estima é um processo de autos e baixos ao longo da vida. Ela precisa ser sempre cuidada. Todos ficam mais vulneráveis a terem auto-estima baixa em períodos de mudança e crise", diz.
O que não se pode perder de vista é que sempre haverá a possibilidade de desenvolver o olhar de apreciação sobre si próprio. Reflexões sobre "o que estou fazendo de bom", "onde mais eu posso me desenvolver", "quais são os meus limites", "como posso lidar e aceitar melhor as minhas limitações". "Somos um complexo de tudo isto, de força e fragilidade e sempre haverá coisas a serem valorizadas e coisas a serem melhoradas", complementa Maria Tereza. 
É importante que você dê uma força para o olhar de apreciação, evite o olhar crítico demolidor e abra mão das agressões e das ofensas à sua auto-estima. 
Se você errou, releve. Foi o chato de plantão, perdoe-se. E o mesmo vale em relação aos erros e deslizes dos outros. É uma via de mão única. Quem é muito rigoroso consigo próprio também é com os outros. Comece a tarefa exercitando a tolerância com os outros. Adote como lema o "nunca atirar a primeira pedra". Observe e em pouco tempo você estará estendendo a tolerância a você também. "É importante perceber que as pessoas, os fatos da vida, podem ser avaliados e medidos de várias formas diferentes. Diminua a crítica na hora de uma transgressão. O erro é humano", completa Leonard. 
O difícil começo 
José Roberto Leite afirma que vencer a inércia é o mais difícil e sugere algumas estratégias. Uma ferramenta que ele considera relevante é o registro. "O registro escrito é muito adequado. Recomendo aos meus pacientes que façam anotações sempre. Através delas, você percebe os progressos, acompanha seu desenvolvimento e adquire o hábito de se monitorar permanentemente", diz. 
Você sai do estado "à deriva", começa a propor uma organização de vida, começa a separar um momento do dia para que você se autogerencie. Mesmo que o parar seja um simples exercício de respiração que demore de 10 ou 15 minutos. A conscientização adquirida neste tipo de exercício é muito importante: você reservou um tempo para se organizar, ganha consciência de que você é capaz, de que consegue fazer as coisas por si mesmo. 
Nathaniel também concorda com o começo homeopático e costuma sugerir para os seus pacientes programas/atitudes que duram apenas uma semana. Pense nos próximos sete dias da sua vida. Assuma a atitude de praticar uma maior auto-responsabilidade. Não pense em se comprometer para o resto da vida, só pelos próximos sete dias. Depois descubra o que esta atitude causou de impacto. Se você gostou do resultado, faça por mais sete dias, depois mais sete... 
Sim, temos vida consciente! 
Aqui, o elemento fundamental da auto-estima, de acordo com Nathaniel Branden: viver conscientemente. "Viver conscientemente significa gerar um estado mental adequado à tarefa que devemos executar. Dirigir um carro, meditar, fazer uma lista de compras - tudo isto requer estados mentais diferentes. Em questões de funcionamento mental, o contexto determina a adequação. Dificilmente poderemos nos sentir competentes na vida enquanto andarmos em círculos (no trabalho, no casamento, com os filhos), num nevoeiro mental auto-induzido". 
Leonard ressalta a importância de se viver o presente, de perceber que o passado não volta e não há como viver em um futuro hipotético, que você não sabe se vai chegar. Procurar melhorar sempre a imagem que você tem de você mesmo, tanto fisicamente quanto na maneira de agir... 
E, sobretudo, busque uma simplificação da vida. "Os problemas realmente importantes da vida são elementares, pare de procurar respostas complicadas para problemas simples. Busque o equilíbrio entre o que você quer e o que você pode. Tudo na vida é uma questão de interpretação", diz Leonard. 
Estes são alguns dos caminhos para você estar no controle da sua vida e cultivar uma boa auto-estima, porém não hesite em buscar ajuda de outras pessoas ou mesmo de um terapeuta. Um atleta costuma escolher um técnico para treiná-lo e ajudá-lo na superação de meta, não é? Pois, então, a sua vida também merece este toque profissional. 
Foi mencionado que é um trabalho para a vida inteira, mas com o tempo de prática, o processo anda sozinho, fica mais fácil, porque a auto-estima está no princípio das causas recíprocas: atos que são causa de uma boa auto-estima são também expressões de uma boa auto-estima.